Discurso de Dilma sobre o 1º de maio não reflete a realidade dos trabalhadores!
Marco Antonio – Chefe de Gabinete da Prefeitura de Itaocara
No país do futebol, é visível que os trabalhadores não estão muito animados com a Copa do Mundo, pois é evidente que a herança deste mega evento é a corrupção nas obras dos estádios, os benefícios para empreiteiras e a FIFA. O fato é que o assunto de maior interesse dos trabalhadores são suas lutas por salário e condições de trabalho. A declaração oficial da Presidenta Dilma em cadeia nacional neste último dia 30 de abril tentou dar uma resposta aos trabalhadores brasileiros.
Não conseguiu. E isto é óbvio, pois é justamente o Governo Dilma (PT/PCdoB/PMDB) o principal responsável pela alta inflação, pelos péssimos serviços públicos e a montanha de corrupção que se escancara no país. A classe trabalhadora está em luta e não pode acreditar nos discursos eleitorais da presidenta e dos governadores. No Brasil após as jornadas de Junho ocorreram greves de bancários, professores, carteiros e petroleiros. E os primeiros meses de 2014 foram marcados por poderosas greves. Apenas começamos maio e as principais categorias deverão explodir novas mobilizações como a dos rodoviários de Porto Alegre, dos Praças de vários estados, dos trabalhadores da IMBEL (Indústria de Material Bélico) e Garis. Servidores das universidades e escolas técnicas estão em greve neste momento, e entra com força a classe operária, com greves radicalizadas no COMPERJ e Metalúrgicos de Niterói, por exemplo. São essas greves que combatem a inflação que corroem o salário do trabalhador e as direções sindicais pelegas. Mais que isso: combatem o velho sindicalismo que só organiza shows e sorteios de carros e que traem os trabalhadores, como vimos nos atos do 1º de maio da CUT e da Força Sindical. Não foi uma coincidência a vaia dada aos ministros do Governo que ousaram tentar discursar nesses atos.
De nada vai adiantar o ridículo anúncio de 10% de aumento do valor da Bolsa Família, pois seus beneficiários, em muitos dos casos, são os que se destacam Brasil a fora nas importantes lutas populares das favelas e periferias, por moradia e em resposta à política de extermínio da juventude negra e trabalhadora e de criminalização da pobreza.
Dilma falou sobre a Petrobrás, mas não disse nada.
Em meio a tudo isto, o escândalo da Petrobrás, com cifras bilionárias, é a prova cabal para o povo de que o dinheiro existe, mas está sendo sugado pelos ralos da corrupção e dos lucros astronômicos dos banqueiros. Sabemos que o PSDB, DEM e toda a velha oposição de direita têm interesses privatistas, mas depois do Leilão de Libra (a maior entrega do petróleo brasileiro da história), não cola mais o discurso do PT de que só o PSDB privatiza. Que o digam os portos, estradas e aeroportos, privatizados com a Força Nacional reprimindo manifestantes nas ruas, coisa de dar inveja pra qualquer FHC da vida.
O fato é que Dilma é a responsável pela péssima transação que resultou na compra da refinaria de Pasadena, mas finge que não sabe de nada e diz que haverá punições caso algo seja comprovado. Ninguém pode acreditar. Também tentou passar a ilusão de que é o governo federal, através da Polícia Federal, que combate a corrupção, quando ficou nítida para todo o país a tentativa atual do Governo de tentar impedir até mesmo a instalação de uma simples CPI. Dilma, Lula e o PT querem abafar o caso, pois ele envolve parlamentares do PT, Ministros do Governo Federal e ela própria.
Não temos nenhuma expectativa que este Congresso Nacional corrupto tenha possibilidade de fazer uma investigação minimamente razoável. Sabemos que a pizza já está no forno, principalmente porque todos eles, Aécio, Alckmin ou Eduardo Campos, PT, PMDB, PSDB e DEM, tem rabo preso, seja com os casos do metrô paulista e da Alston, ou do Porto de Suape, em Pernambuco. Vimos que foi assim que acabou a CPI da Delta e do Carlinhos Cachoeira, com um “acordão” e sem punir ninguém.
Erram os setores que tem uma visão “binária” da realidade, e que caem na cantilena petista de que a Petrobrás está sendo atacada pela “direita”. A Petrobrás foi e está sendo atacada desde a quebra do monopólio e a cada novo leilão, e nisto PSDB e PT apenas se complementaram. Hoje é o PT de Lula e Dilma que é o responsável pelos ataques privatistas a essa empresa.
Os pactos pós-Junho são contra os trabalhadores e o povo!
Dilma, o PT e a burguesia brasileira tem medo de uma nova jornada de Junho combinada a onda de greves que percorre o país, e por isso a Presidenta se adiantou em dizer que os “pactos pós Junho” estão sendo cumpridos. Sabemos que a educação e saúde seguem sucateadas e privatizadas. Sofremos todos os dias com o transito caótico e a superlotação de ônibus, trens e metrôs. Dilma não parece estar vivendo no mesmo país que os trabalhadores brasileiros vivem. Em todo lado o que se vê são os trabalhadores reclamando da alta dos preços, da perda de poder de compra dos salários, dos péssimos serviços públicos, da corrupção e dos gastos bilionários com a Copa. Então, o único pacto que realmente está em vigor no país desde Junho foi o acordo de Dilma, governadores e prefeitos do sistema, em favor do ajuste fiscal e do arrocho salarial, prejudicando a maioria da população.
Estimular, unificar, apoiar e fortalecer as lutas
A nossa tarefa neste momento é dar amplo apoio às lutas em curso e estimular que novos setores saiam a lutar. Unificar as manifestações contra os gastos bilionários da Copa da FIFA, com as lutas operárias por salários, apurando e punindo exemplarmente corruptos e corruptores, exigindo a reestatização dos campos de petróleo leiloados, recuperando o monopólio do Estado brasileiro e substituindo este atual Conselho Administrativo por funcionários eleitos em suas bases e movimentos sociais. Também é necessário continuarmos denunciando o papel traidor e patronal que as centrais sindicais pelegas tem jogado no terreno da luta de classes, exigindo a convocação de uma greve geral para o país.
Por último, no plano político é necessário rejeitar globalmente as candidaturas e apostas da burguesia brasileira. Dilma, Lula, o PT e o PMDB; Aécio Neves, FHC e PSDB; Eduardo Campos, Marina Silva e o PSB, travam uma “luta” apenas de fachada, pois todos têm o compromisso de continuar governando o país para os banqueiros, grandes empreiteiras e latifundiários.
Nacionalmente, através das candidaturas apresentadas pelo PSOL, juntamente com os movimentos sociais combativos, é necessário dar voz aos que saem a lutar, suspendendo o pagamento e auditando a dívida pública, alterando radicalmente a política econômica neoliberal com a qual o Brasil é governado, construindo uma Petrobrás 100% estatal, respondendo às pautas de saúde, educação, transportes, direitos humanos e meio ambiente, executando as pautas das Jornadas de Junho e dos grevistas brasileiros.