No primeiro turno das eleições, nós da Juventude Vamos à Luta, fomos parte da campanha de Luciana Genro nas ruas, escolas e universidades. Uma campanha que enfrentou as três principais candidaturas do sistema – Dilma (PT), Aécio (PSDB) e Marina (PSB/Rede) – denunciando que estes eram irmãos siameses porque tinham unidade em torno de uma política econômica que privilegia os interesses dos banqueiros, multinacionais, empreiteiras e do agronegócio, ou seja, das empresas que igualmente financiaram suas campanhas eleitorais.
Luciana Genro apresentou um programa radical em sintonia com as bandeiras das Jornadas de Junho de 2013 e das greves de 2014, colocando a necessidade da auditoria e suspensão do pagamento da dívida pública para se investir em saúde e educação públicas, taxação das grandes fortunas para aumentar os investimentos em transporte público e saneamento básico, o fim das privatizações, legalização da maconha e desmilitarização da PM para por fim a guerra às drogas que mata a juventude negra e pobre da periferia, criminalização da homofobia e legalização do aborto.
Agora no segundo turno são Dilma e Aécio que disputam a chave do cofre e, portanto, é importante que a juventude e o povo trabalhador oprimido e que luta no país estejam preparados – não acumulando ilusões em um “governo menos pior” – para os ataques próximo ano que virá: com maior intensidade da política hoje já aplicada.
Não nos representam!
O certo: ganhe quem ganhar, virá embrulhado um pacote de ajustes salariais e retirada de direitos especialmente para os trabalhadores, que mais uma vez terão os lastros da crise econômica e os interesses do capital financeiro enfiados goela a baixo. Mais de 47% do orçamento nacional será dirigido aos bolsos dos magnatas e banqueiros nacionais e internacionais, que representam pouco mais de 5 mil famílias, conforme a lei orçamentária já enviada por Dilma ao Congresso Nacional. Um verdadeiro absurdo quando comparamos com os valores do Bolsa Família e demais medidas assistenciais do Governo do PT/PMDB, já que apenas 2,7% do orçamento tem de abranger cerca de 40 milhões de famílias pobres brasileiras; ou o próprio salário mínimo, já que não oferece condição alguma de sustentar famílias inteiras. Enquanto os índices da inflação aumentam, o PIB nacional decresce a cada nova estimativa dos economistas, mantendo-se, atualmente, em 0,27%. Ou seja, resultado da política econômica inplementada por Dilma (PT/PMDB), a mesma defendida por Aécio (PSDB).
Um ou outro manterá e ampliará a política neoliberal, iniciada em 1995 por FHC com a regulamentação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) mantida por Lula e Dilma, a qual obriga governos estaduais e prefeituras a terceirizarem serviços; além da transferência do que é público para as mãos da iniciativa privada. Foi assim na década de 1990 com os governos tucanos a nível federal com FHC e estadual com privatizações de setores como minas e energia, telecomunicações, transportes etc. Da mesma maneira como atuaram Lula e Dilma de 2003 até agora, privatizando portos e aeroportos, estádios de futebol (Maracanã), leiloando a preço de banana a reserva petrolífera do Campo de Libras, transferindo a saúde e educação pública para o mercado financeiro privado, com medidas como a EBSERH nas universidades federais e o próprio PROUNI, e como apontam os marcos do PNE aprovado neste ano que escancara os cofres públicos para atender os interesses dos tubarões do ensino, visando mercantilizar cada vez mais a educação.
A política de repressão aos movimentos sociais, bem como à juventude que foi às ruas em junho de 2013 e à classe trabalhadora que protagonizou as lutas em greves históricas em 2014, será mantida! Da mesma forma como atuou o governo Dilma a nível federal e os governos estaduais do PSDB reprimindo e criminalizando a juventude negra e pobre nas favelas, como fez o governador Geraldo Alckmin com o MTST e com os metroviários em SP, como fez o governo Cabral/Pezão (aliado de Dilma) com Amarildo, Cláudia e DG, além dos protestos e greves com o aparato da Força Nacional, o Exército, tropa de choque e a política genocida de UPPs, sem falar dos altos investimentos bélicos com os acordos diplomáticos com o Estado sionista-terrorista de Israel.
Dilma e Aécio também representam o mesmo projeto conservador, pois ambos tem como aliados os setores mais reacionários da política brasileira. Com Aécio estão Silas Malafaia, Jair Bolsonaro e Marcos Feliciano, apesar deste ter pertencido à base do governo Dilma até pouco tempo chegando à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal através de acordos com o PT. Com Dilma estão Edir Macedo, Garotinho, Collor, Calheiros, Barbalho, Katia Abreu, Maluf e Sarney. O Congresso Nacional segue tão conservador como antes, com a tarefa de impedir que os direitos das mulheres, negros e negras, LGBTs, trabalhadores e indígenas avancem, seja como base de sustentação do PT ou PSDB!
O papel da direção majoritária da UNE e da Oposição de Esquerda
Desde o primeiro turno, a direção majoritária da UNE (UJS/PCdoB/PT) já estava em campanha para Dilma e seus candidatos a nível estadual. No MA, estavam com os tucanos, pois o PSDB era vice do governo eleito Flávio Dino (PCdoB). No AL, estavam na campanha do Collor, o mesmo que a UNE ajudou a derrubar há vinte anos atrás. Ou seja, estavam do lado da velha política, atuando para eleger os conservadores que atacam os direitos da juventude! Agora no segundo turno, estão em campanha aberta para Dilma, tentando iludir a juventude e escondendo os projetos de privatização e precarização que os governos do PT aplicaram nas federais.
Discordamos da postura de companheiros da Oposição de Esquerda. UJR e JSOL, por exemplo, argumentam seu voto em Dilma para deter a onda conservadora que atinge o país, omitindo que parte do conservadorismo governa hoje ao lado de Dilma e do PT. Além disso, a última resolução da OE apresentada no dia 14/10 também ilude os estudantes, como se Dilma fosse “menos pior” que Aécio. Para nós, a principal tarefa da Oposição de Esquerda da UNE é de preparar os estudantes, pela base nas universidades, para lutar contra os ataques que sofrerá a educação superior no próximo governo, seja com PT ou PSDB.
Votar nulo e organizar a juventude e os trabalhadores para seguir a luta contra o governo que vier!
Toda essa política econômica que é transferência do público para o setor privado, que serve para dizimar a juventude e reprimir trabalhadores, defendida tanto por Dilma como por Aécio, está em detrimento de maiores investimentos para o que deveria ser público de direito constitucional.
Portanto, só com a luta nas ruas e greves garantiremos os investimentos reais e expressivos, como por exemplo, os 10% do PIB para a educação e saúde, que deveriam ser investidos em aberturas de vagas para todos que queiram ingressar no Ensino Superior gratuito e de qualidade, pondo fim ao vestibular e ao método meritocrático de avaliação; em bolsas de pesquisa e extensão; em assistência estudantil e moradia estudantil aos que moram distante dos campus; em bandejões e ampliação dos RUs para por fim às filas; em uma expansão de vagas das universidades oposta ao REUNI, na qual o estudante pobre e trabalhador possa concluir sua formação; em hospitais públicos que tenham médicos, enfermeiros e servidores bem pagos que atendam a população com qualidade; e com salários dignos para todos servidores públicos. Os investimentos devem garantir transportes coletivos que sejam públicos de fato e com passe-livre para a juventude e desempregados, rumo à tarifa zero, principal reivindicação em junho de 2013.