Por Mariana Nolte e Michel Tunes, CST-PSOL/RJ
No último mês intensificou-se uma campanha de calúnias e ataques contra a nossa organização, orquestrada pelo PCdoB e por correntes do PT (DS e CNB), que tem como eixo o enunciado "CST é de direita". Tais ataques ocorreram nas eleições do DCE da UFF e da Unirio, sendo que nesta última, onde impulsionamos uma chapa de oposição de esquerda ao governo Dilma e à direção majoritária da UNE, um companheiro da CST foi agredido pelo PCdoB durante uma atividade na Urca. No entanto, os agentes do governo Levy/Kátia Abreu não conseguiram nos calar, nem intimidar. Seguimos firmes na luta!
Uma trajetória na oposição de esquerda que nos orgulha muito!
Nas Jornadas de Junho de 2013, a CST foi uma das poucas, se não a única corrente nacional, que não caiu no papo governista de que a esquerda deveria se unificar num "bloco vermelho" nas passeatas para combater a suposta "onda conservadora". No Rio confluímos com inúmeros ativistas para derrotar a política do "bloco vermelho" na plenária do Fórum de Lutas, na reunião anterior a marcha de 20 de junho, cuja a proposta era "reunir" com Paes para negociar a pauta da redução da tarifa, enquanto um levante estava em curso. Posteriormente, na plenária de 3 mil pessoas em frente ao IFCS, repudiamos o pacto que Dilma lançou com os governadores do PSDB, PSB e PMDB. Em seguida estivemos no Fora Cabral, nos protestos pelo aparecimento de Amarildo, nas greves e na ocupação da câmara de vereadores, lutas que enfrentaram os governos do bloco PMDB/PT/PCdoB. Na eleição para delegados ao Congresso da UBES na FAETEC Quintino, a maior do Rio, derrotamos os governistas. No primeiro semestre de 2014 fomos intransigentes no apoio aos trabalhadores em greve que enfrentaram governos, patrões e a burocracia sindical dirigida pela CUT, UGT ou CTB. Incomodamos os governistas no SINTUFRJ, nos estaleiros de Niterói, nos garis e nos professores, sendo firmes no apoio às comissões de base e exigindo das centrais sindicais uma greve geral. Também cumprimos um papel destacado no espaço de unificação das greves que se reunia no SEPE.
Nas eleições estivemos com Luciana Genro denunciando os irmãos siameses Dilma, Aécio e Marina e com Tarcísio e Pedro Rosa contra os "quatro Cabrais". Além de ter impulsionado duas plenárias do PSOL massivas na Unirio, estimulando a independência de classe entre os estudantes. E para aumentar os problemas dos governistas nosso companheiro Babá assume como vereador para continuar a luta do PSOL contra a máfia dos transportes e construir um mandato socialista a serviço da mobilização popular. No segundo turno, diferente da posição da maioria das correntes e figuras públicas do PSOL, defendemos o voto nulo, pois não haviam difrenças profundas entre os projeto do PT e do PSDB. Fomos uma das forças que ajudou a base do PSOL do RJ a derrotar a campanha pública pra Dilma, que ocorreu à revelia da plenária do partido.
Nas eleições de DCEs construímos as chapas da esquerda batalhando por um programa de oposição de esquerda ao governo e à direção majoritária da UNE, denunciando a situação de precarização das condições de estudo e trabalho e o processo de privatização das Universidades que são fruto das políticas aplicadas pelos governos do PT, PMDB e PCdoB nada diferente do que Alckmin faz contra a USP e as estaduais paulistas.
Ao sermos consequentes conquistamos o ódio dos burocratas!
Por esses motivos, os governistas nos caracterizam como uma organização perigosa e subversiva e nos atacam violentamente. Não nos espanta a reação deles frente a nossa postura intransigente na oposição de esquerda ao governo Dilma e contra a oposição Tucana, uma vez que a CST é uma das poucas organizações que não capitula a esse governo, a burocracia estudantil e aos pelegos das direções sindicais da CUT e da CTB. Exemplo disso é nosso combate na Oposição de Esquerda da UNE ou da FASUBRA (por meio do SINTUFF) por uma política classista. Sendo assim, e apesar de ainda sermos uma organização de vanguarda, nossa política se transformou num obstáculo para os governistas. Desse modo compreendemos porque a CST é hoje a corrente mais atacada e caluniada pelo PT e PCdoB no Rio de Janeiro. O ódio dos governistas contra a CST, portanto, é um motivo de orgulho para nossa organização.
Chamamos a esquerda a combater as calúnias dos governistas!
Os governistas nos atacam através de um método degenerado que, historicamente, os reformistas e stalinistas utilizaram contra a esquerda: as calúnias. Nós, Trotskistas, não esquecemos que Stalin assassinou os opositores acusando todos de "agentes do imperialismo" ou que utilizou o aparelho repressivo de Moscou a serviço de massacrar os lutadores durante a revolução espanhola, não importando que eles fossem, por exemplo, Anarquistas ou do POUM. Nós que fundamos o PSOL não esquecemos que a direção corrupta do PT expulsou os "radicais" com o argumento de que faziam o "jogo da direita" e posteriormente acusou todas as correntes e dirigentes do partido do mesmo modo. Não esquecemos que militantes do PCdoB carioca entregaram ativistas anarquistas para a polícia durante as manifestações de 11 de julho em plena avenida Rio Branco. É importante refletir sobre o ataque que a burocracia do Barisul desferiu contra a oposição bancária no Rio Grande do Sul; caluniando os ativistas e as forças políticas que impulsionam a luta na categoria.
Sabemos que essa campanha visa desmoralizar a CST perante a vanguarda e justificar agressões físicas (como as que ocorreram) ou mesmo perseguições aos nossos militantes. Por outro lado expressa uma pressão para forçar a suavização das críticas. No entanto, essa política não nos intimida. Aliás é bom que se diga que as calúnias dos governistas são um fracasso, pois a CST saiu vitoriosa das eleições estudantis.
É nesse contexto que chamamos as correntes do PSOL, o PSTU, PCB, PCR e demais organizações políticas, ativistas anticapitalistas, sindicatos e movimentos sociais a repudiarem as calúnias dos governistas. O coletivo Desgovernar fez nota repudiando os governistas na UFF e o Práxis, na UNIRIO, nos expressou solidariedade. Isto é importante pois toda oposição de esquerda consequente vai ser caluniada pelos governistas. Por isso propomos lutar juntos contra a linha estalinista do PT e do PCdoB, denunciando as mentiras dessas organizações contra-revolucionárias.
O governo Dilma é de Direita
O que temos de concreto na verdade é que PT e PCdoB são a nova direita brasileira, uma vez que a política que aplicam e o governo que compõem e sustentam há 12 anos possui um caráter de classe burguês. Poderíamos partir da carta de Lula ao povo brasileiro, da indicação de Henrique Meirelles (ligado ao PSDB) à presidência do Banco Central ou da Reforma da Previdência aprovada através do esquema do mensalão fazendo um resgate de mais de uma década de políticas a serviço da burguesia nacional e internacional ou dos escândalos de corrupção que levaram à queda do Orlando Silva (PCdoB) do Ministério dos Esportes ou do Código Florestal ruralista elaborado por Aldo Rebelo, mas os fatos recentes já demonstram o suficiente. Hoje o PCdoB compõe o governo estadual do Maranhão com um vice do PSDB, sendo que o PT estava durante as eleições com o candidato do Sarney. No Pará o PT disputou a eleição coligado ao DEM e ao lado da família Barbalho.
Entre os ministros de Dilma já anunciados estão Kátia Abreu e Joaquim Levy. A primeira, chefe dos ruralistas, é uma das principais representantes da burguesia agrária, passando longe dela qualquer possibilidade de avanços na reforma agrária, nas pautas ambientais e nos direitos dos trabalhadores sem-terra e das populações indígenas, quilombolas e ribeirinhas. O segundo, pupilo de Armínio Fraga, o mesmo que elaborou o programa econômico de Aécio Neves para as eleições de 2014, fiel à política econômica neoliberal. Com essas escolhas não é por acaso que o governo Dilma está envolvido num mega escândalo de corrupção junto às empreiteiras e os demais partidos como PMDB e PSDB e que esteja preparando um novo ajuste fiscal contra o povo. A política de Dilma segue sendo a da aplicação do tripé macroeconômico neoliberal porque o PT fez uma opção de classe para governar. Ainda que continue sustentando a mentira de que é possível avançar com um governo comum com empresários está claro que os governos "para todos", são na verdade, governos capitalistas e conservadores. Não por acaso o PSDB e seus governadores são cúmplices da atual política econômica de Dilma e do PT.
Nós da CST, corrente interna do PSOL, seguimos coerentes com nossos princípios, com nossa tradição e com nosso programa, mantendo de pé o marxismo revolucionário de Leon Trotsky e a batalha pela reconstrução da IV internacional. Continuamos com nossa independência de classe e, por isso, estamos com os trabalhadores e com a juventude nas suas lutas, denunciando o papel do governo Dilma, dos governos estaduais de Alckmin a Pezão e seus aliados burocratas no movimento. Não vamos parar de combater a política de direita do PT e do PCdoB. Os ataques e calúnias dos burocratas governistas não vão nos calar!