A juventude trabalhadora frente ao pacote de maldades do Governo Dilma
Fonte:
Danilo Bianchi*

Já no primeiro mês de 2015 o Governo de Dilma Rousseff e sua nova equipe ministerial anunciou uma série de medidas visando cortar gastos e equilibrar as contas públicas, afim de garantir recursos para o superavit primário, ou seja, economia para pagar juros da dívida pública. O principal expoente do ajuste é Joaquim Levy banqueiro profissional, ex-diretor do Bradesco e do FMI que foi nomeado por Dilma ao Ministério da Fazenda, uma espécie de raposa para cuidar do galinheiro.
Até o momento o pacotão de maldades conta com cortes no orçamento - como o de 7 bilhões da educação o que contradiz o discurso de pose onde Dilma anunciava o slogan do governo de “Pátria Educadora”, aumento de impostos que atingira sobre tudo a população de baixa renda. E as medidas provisórias que atacam diretamente conquistas históricas dos trabalhadores brasileiros como o seguro-desemprego, abono salarial, auxílio-doença, pensão por morte e seguro defeso.
Apesar das medidas atingirem em cheio o conjunto dos trabalhadores brasileiros, uma parcela já mais explorada e mal paga sofrerá as piores consequência da política econômica reacionário do Governo Dilma, a juventude trabalhadora. Essa fração de trabalhadores é composto por jovens entre 18 e 24 anos, em maioria mulheres que compõe hoje os empregos mais precários, ocupando posições de super-exploração em call-centers, redes de supermercados, fast-foods, lojas, drogarias e no setor público, na maioria das vezes contratados por meio de criminosas terceirizações.
A média de permanência de um trabalhador no primeiro emprego é de 11,9 meses, sendo que no total 43,3% permanecem menos de 6 meses no emprego. Anteriormente a exigência para o acesso ao direito do seguro-desemprego era a de permanecer 6 meses, agora o tempo de permanência sobe para 18 meses na primeira solicitação e 12 meses na segunda.
Já referente ao abono salarial anteriormente se exigia apenas um mês de carteira assinada para ter acesso a pelo menos um salário mínimo, agora será exigido 6 meses ininterruptos e o pagamento será proporcional ao tempo trabalhado. Com essas medidas 41,5% dos trabalhadores perderão o direito, sendo que entre os trabalhadores de 18 a 24 anos esse número aumento para 60%.
A opção político do Governo Federal atingirá em cheio a juventude trabalhadora de hoje, mas também uma parcela significativa de jovens que ingressarão no mercado de trabalho nos próximos anos, se tornando cada vez mais reféns de empresas que praticam procedimentos de assédio moral e não possuem nenhuma responsabilidade social, como fica comprovado na interdição pelo Ministério do Trabalho da multinacional de call-centers Contax no Recife, que possui mais de 200 mil funcionários no Brasil e coleciona denúncias de irregularidades trabalhistas, perseguições e terceirizações ilícitas.
Empresas como a Contax e suas contratantes como Oi!, Vivo, Itaú, Bradesco e Santander financiaram a campanha eleitoral da maioria dos parlamentares e também da própria presidenta. Agora Dilma brinda seus aliados nomeando Joaquim Levy, cortando direitos trabalhistas e deixando os jovens reféns dessas corporações criminosas.
Além disso várias dessas corporações são direta ou indiretamente credoras da dívida pública, uma dívida ilegal e imoral que o Governo continua pagando religiosamente. Em praticamente uma semana o governo gasta com juros da dívida o mesmo que irá economizar por ano com as restrições com o seguro desemprego, cerca de 8 bilhões. E segundo o Valor Econômico é estimado que quase metade desse valor tenha sido desviado da Petrobras durante as gestões petistas.
Após uma dura campanha eleitoral em 2014, aonde os marqueteiros do PT apresentaram uma Dilma “guerrilheira” de coração valente contra o reacionarismo conservador do tucano Aécio Neves, o novo governo petista já mostra seu verdadeiro lado, sendo a continuação do retrocesso, com medidas que visam fazer a grande massa de trabalhadores brasileiros pagar a conta da crise econômica e da corrupção.
É urgente organizar os trabalhadores para enfrentar as medidas de austeridade de Dilma, seguindo o exemplo dos operários da Volks, para isso é necessário a mais ampla unidade de ação contra a retirada de direitos. É necessário exigir que as centrais e federações sindicais, como a CUT e entidades estudantis como a UNE e UBES abandonem a cumplicidade com o governo e a disputa de cargos e verbas.
As organizações sindicais, estudantis e populares combativas e de esquerda necessitam construir unitariamente uma agenda de lutas contra os ataques que afetam a vida do povo, começando com uma plenária nacional unitária "contra o ajuste fiscal" ou "contra a retirada de direitos" com todos e todas os que quiserem participar para articular ações concretas contra as medidas que estão sendo apresentadas pelo governo Dilma.



* Danilo Bianchi é delegado sindical da CONTAX/BH, estudante de História da UFMG e militante do Vamos à Luta e da CST/PSOL.

Data de Publicação: 26/01/2015 20:47:00

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