Os trabalhadores em educação do Pará estão em greve desde o dia 25/03. É uma greve pelo pagamento do reajuste do Piso Salarial, melhorias de condições de trabalho nas escolas e valorização profissional.
Mas, não somente isso. É uma greve que enfrenta de forma espetacular, com o engajamento e adesão de mais de 90% da categoria em todo o estado, o ajuste fiscal de Dilma (PT/PMDB) e do governador Jatene (PSDB) de retirada de direitos, redução de salários e péssimas condições de nossas escolas. É uma greve para defender a educação pública, com infraestrutura adequada para nossos alunos, sem violência, por eleições democráticas para direção como mecanismo de combater o assédio moral patrocinado pela Secretária de Educação (SEDUC).
O ajuste fiscal de Dilma e Jatene no Pará
O governo Dilma cortou R$ 7 bilhões de reais do orçamento da educação. O governador Jatene, além de não pagar o valor do piso, ainda limitou em 150 horas nossa carga horária no estado.
Para muitos professores que trabalhavam de 200 a 280h em regência há cerca de 20 anos e recebiam em seus vencimentos essa jornada, está presenciando, de forma abrupta uma redução salarial de aproximadamente R$ 2 mil reais. Um completo absurdo!
Não somos contra a redução da jornada de trabalho, ao contrário sempre lutamos por uma jornada menor, com a garantia de tempo de planejamento e estudos para professores e especialistas em educação, o que não podemos aceitar é redução salarial ainda mais quando nossas perdas assim como a do conjunto do funcionalismo estadual já ultrapassam 80%.
Se o governador Jatene quer evitar a extrapolação de aulas, então que faça concurso público, que, aliás, tem sido pauta de nossas campanhas salariais nos últimos 10 anos, para contratar para o quadro permanente novos educadores.
É inaceitável que com o limitador de 150h/aulas e a perda de turmas, nossos alunos fiquem sem professores em sala de aula e que para resolver essa ausência, em vez do concurso, o governo tenha a intenção de contratar temporários.
Não aceitaremos que a educação vire moeda de troca de voto nas eleições, que nossa categoria seja tratada como curral eleitoral, nem que em momentos de luta e mobilização como estamos vivendo agora, por não terem estabilidade funcional, educador seja colocado contra educador, porque o governo sempre ameaça de demissão em momentos de luta os temporários.
Essa é a experiência que temos vivido em vários municípios por todo o país. Essa é a experiência que temos vivido nos municípios do Pará.
A greve é forte em todas as regiões
Os dados que nos chegam das diretorias regionais do Sindicato (SINTEPP) é que na região sudeste, onde a sub-sede Marabá cumpre papel destacado, o mesmo ocorrendo com os municípios de Santarém (Regional Oeste) Altamira (Regional Xingu) é que a greve se fortalece a cada dia.
Na região metropolitana (Belém-Ananindeua-Marituba) a adesão é de mais de 95% da categoria o que tem contagiado os trabalhadores desses municípios que enfrentam a mesma política nas mãos dos prefeitos do PSDB/PMDB.
Assim como na última greve que durou 53 dias, estamos contando com o apoio massivo de pais e alunos que entendem que a defesa de uma educação pública de qualidade é uma tarefa de todos (as).
Greve geral da educação pública!
Por conta do corte no orçamento da educação, governadores e prefeitos de todos os estados que já pagam o Piso tem alegado não terem dinheiro para pagar o reajuste, a mesma desculpa está sendo dada por governadores e prefeitos que ainda não pagam. Por isso a educação se mobiliza e sai à luta em nível nacional.
Além dos educadores do Pará, também estão em greve os trabalhadores da educação dos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Roraima e existem sinalizações de que podem parar suas atividades, educadores dos estados do Acre, Mato Grosso e Pernambuco.
A Direção da CNTE, em vez de convocar mobilizações de apoio ao governo Dilma, maior responsável ao lado de governadores e prefeitos pelo caos na educação pública, como fez no último dia 13/03, deveria unificar a luta de nossa categoria em nível nacional e convocar uma greve geral por tempo indeterminado exigindo que estados e municípios cumpram a Lei do Piso, reajustem salários, melhorem as condições de trabalho e valorizem nossa categoria e que o governo Dilma destine 10% do PIB para educação pública Já.
É possível derrotar o ajuste do governo. A vitoriosa greve dos educadores do Paraná foi uma demonstração, que se a luta ocorre se pode vencer.