Frente ao ajuste de Dilma (PT/PMDB) fortalecer a luta rumo à greve geral
Os cem primeiros dias do novo governo Dilma (PT/PMDB) acabam de ser completados. A tônica do segundo mandato de Dilma, por um lado, são os escândalos de corrupção com eixo na Petrobrás, disputa por cargos e ministérios, divisão na base governista, um escancarado estelionato eleitoral e a necessidade de implementar um violento ajuste econômico. Por outro, as poderosas mobilizações que sacudiram o país em 2013 e que voltam à cena em 2015 agora rechaçando diretamente o governo do PT, o aumento das lutas e greves da classe trabalhadora que tem na crise econômica e social seu combustível. Isto é o que faz deste quarto governo do PT o mais débil desde o fim da ditadura.
A acirrada resistência que os trabalhadores e o povo pobre respondem a esta crise, a estes ataques e desmandos é problema central que os patrões e o governos precisam resolver, ou melhor derrotar. O dia de luta e paralisação, 15 de abril, foi apenas um marco, um ponto de confluência dos trabalhadores, da juventude e setores populares que resistem, mas todas as lutas, protestos, atos e manifestações que ocorrem dispersos, pelo país afora, todos os dias, precisam convergir para uma Greve Geral Nacional.
Sem dúvida neste processo os professores estaduais são a vanguarda. Os do Paraná abriram o caminho e no momento de escrever este texto, os professores de São Paulo entraram no 45° dia de sua heroica greve, os do Pará continuam no centro da cena e em Macapá os professores deflagram a greve contra a prefeitura do psolista Clecio Luis. Algo que também acontece com os trabalhadores da educação de Paraíba, Santa Catarina e Pernambuco.
Mas não são apenas os professores. Os metalúrgicos de várias montadoras,referenciados na importante greve da Volks também manifestam sua insatisfação avisam que não estão dispostos a pagar pela crise. Os garis do Rio de Janeiro com uma poderosa greve obrigaram ao governo do prefeito Eduardo Paes (PMDB/PT) a elevar sua proposta de 3 para 8% de reajuste salarial, algo parecido aconteceu com os garis de mais de 30 cidades do estado de São Paulo.
Este é o marco da situação. O governo está cruzado pela crise. Uma crise econômica que é parte da crise mundial, mas essencialmente de uma economia dependente, a serviço das multinacionais, do agronegócio e do sistema financeiro. Uma crise que reduz o “bolo” e leva a brigas entre partidos e dirigentes para ver quem fica com a maior fatia, como acontece com os presidentes da câmara Eduardo Cunha e do senado Renan Calheiro. Nenhum deles tem um programa alternativo para tirar o Brasil do atoleiro, são disputas entre velhas raposas por espaços de poder, mas que abrem brechas na perspectiva dos trabalhadores aproveitarem as oportunidades para impedir que continuem nos atacando.
Justamente um dos maiores ataques contra os trabalhadores e suas organizações está embutido no PL 4330 sobre terceirizações¹. Feito à medida dos grandes empresários que financiam as campanhas eleitorais dos políticos corruptos, a Câmara, em acordo com o ministro da fazenda de Dilma, Joaquim Levy, aprovou este projeto que irá causar danos irreparáveis aos direitos históricos conquistados pelos trabalhadores. As terceirizadas, além de pagar salários menores, descumprem contratos e são campeãs de denuncias de acidentes de trabalho e de precariedade das condições de trabalho. O trabalhador deixara de pertencer a uma categoria específica para se converter num simples prestador de serviço precarizado, desestruturando as organizações sindicais, sem dúvida um retrocesso histórico.
Mas o dia de luta e paralisação nacional, 15 de abril,² demonstrou a potencialidade para enfrentar o ajuste lançado pelo governo Dilma (PT/PMDB), o Congresso, os governadores, os prefeitos e os patrões. Mesmo que mal convocada e sem uma verdadeira preparação e consulta democrática, as bases responderam à altura com paralisações em multinacionais como Johnson e Monsanto em São José dos Campos/SP, bloqueio de vias públicas e estradas por professores em greve em várias partes do País, assim como no serviço de transporte em várias capitais e o ato do Largo da Batata em São Paulo que reuniu mais de 40 mil pessoas. É possível derrotar esses planos, para tanto, há que fortalecer e unificar as lutas em curso rumo à greve geral.
A CUT e as outras centrais, com várias categorias em greve no País, particularmente o setor da educação, não podem continuar sendo centrais chapa branca. Os trabalhadores devem exigir a ruptura com o governo Dilma (PT/PMDB) e o enfrentamento consequente ao pacote de medidas do governo PT/PMDB/PSDB contra a classe trabalhadora. Temos uma tarefa fundamental: impedir que o PL 4330 seja aprovado no senado e para isso deveremos nos preparar em cada local de trabalho, sindicato e em cada central, organizando amplos debates e deliberando sobre a necessidade de paralisar o país no dia da votação do projeto no senado. Como parte desta luta os partidos de esquerda como PSOL, PSTU, PCB, junto a organizações populares e de esquerda como o MTST devem se unir na tarefa de fortalecer as lutas em curso, organizando foros unitários que preparem o terreno para uma greve geral capaz de derrotar o PL 4330 e o conjunto dos planos de ajuste contra os trabalhadores e o povo pobre
1 e 2: Leia notas completas sobre estes temas no site da CST/PSOL