Não ao método de calúnias! Sobre o voto da CST no Diretório Nacional do PSOL
Chama atenção a virulência de alguns comentários nas redes sociais em relação ao nosso voto no caso Daciolo. São acusações e insinuações levianas e mentirosas, se utilizando da calúnia visando desmoralizar outra organização. Queremos retomar o debate político e explicar porque consideramos correta a votação do DN de não reivindicar o mandato após a expulsão.
1. A expulsão do cabo Daciolo foi votada por quase unanimidade entre os membros do DN PSOL presentes na reunião de 16 e 17 de maio. Foram 54 votos a favor da expulsão e apenas 1 voto contrário, refletindo a pressão das bases em repúdio as atitudes do deputado. Consideramos essa decisão uma vitória confirmando a incompatibilidade de Daciolo com o programa do partido. Trata-se de um episódio que deve estimular os militantes a refletir sobre nossos representantes, a concepção de partido e nossa estratégia.
2. Em nenhum momento os companheiros da Insurgência colocaram que iriam brigar pelo mandato. Em nenhuma das conversas das forças de esquerda em nível nacional propuseram uma luta conjunta pelo mandato. Ao contrário. Durante as reuniões da Chapa e da Executiva Estadual do PSOL no Rio de Janeiro sempre fizeram questão de dizer que o mais importante era que Daciolo fosse expulso. Mesmo que levasse o mandato deixaria nosso partido em paz, pois sua presença vinha prejudicando a imagem do PSOL, argumentos que sempre concordamos integralmente. Vale ressaltar que essa também era a posição pública do companheiro Renato Cinco. Durante o Diretório Nacional, o companheiro Tostão informou que no interior da Insurgência “havia um debate sobre o caso” sem afirmar que estavam em campanha pelo mandato, agregando que “caso o camarado Cinco quisesse reivindicar, teria o apoio”.
3. A CST votou pelo adiamento da deliberação sobre esse assunto, proposta que perdemos junto com a Insurgência e outras forças. Em seguida, diante da deliberação no próprio DN, votamos para que o PSOL não brigasse pelo mandato. Mantivemos nossa posição em casos anteriores. Lembramos que o partido não reivindicou o mandato da Heloisa Helena, que além de fazer campanha pública para a Marina Silva, participa de eventos de atividades junto a setores reacionários contra a legalização do aborto. Além disso o Partido cedeu legenda democrática para Heloisa Helena, fato que concordamos. Da mesma forma não reivindicamos o mandato do Jeferson Moura, que faz parte da Direção Nacional da Rede, apareceu no programa com a Marina Silva, fez campanha no Rio de Janeiro na eleição de 2014 para o candidato a governador pelo PT Lindberg Farias. Nos causa estranheza o fato de que quem cobra da CST hoje, não seja coerente e solicite a entrega dos mandatos de HH e Jeferson. O argumento de que nesses casos não houve expulsão é burocrático, pois foi uma decisão política de expulsar esses parlamentares. No caso de Jeferson Moura, vale lembrar que a CST ocupava a suplência de vereador e sempre concordamos que era melhor tê-lo fora do PSOL mesmo perdendo o mandato.
4. Nosso entendimento é de que o tratamento dado a Daciolo deve ir no mesmo sentido, como parte de uma decisão política e não organizativa. Para a militância o mais importante é que ele não pertence mais as nossas fileiras. Assim não nos envergonharemos mais ao vê-lo defendendo posições reacionárias, conservadoras e messiânicas, como deputado do PSOL.
5. Além disso, há outra questão. Daciolo não teve tempo de TV, nem investimento ou militância do partido e nem tinha uma trajetória no PSOL, sendo assim seus votos foram majoritariamente a partir de um esforço seu e de sua equipe, conformada em sua maioria pelos bombeiros. Reivindicar o mandato do Daciolo seria desrespeitar a amplíssima maioria de votos de bombeiros e policias militares. Foram quase 50 mil votos, que depositaram em Daciolo uma vontade de poder representá-los no congresso nacional. Apesar do fato de que Daciolo não se elegeria sozinho, os 50 mil votos que teve o elegeriam em qualquer uma das outras coligações que concorreram nas últimas eleições, e isto é um fato inegável. Os bombeiros têm todo direito a fazer a experiência com Daciolo até o fim, pois o giro oportunista feito pelo deputado cedo ou tarde o levara a se chocar com sua própria base social. Também devemos seguir apostando que na base dos bombeiros surjam novos lutadores que questionem a política de Daciolo, que de fato não representa mais os anseios e as rebeliões dos quartéis, ao preferir se aliar a cúpula das forças armadas e a defender os PM’s suspeitos de assassinar o pedreiro Amarildo.
6. Repudiamos as calúnias contra a nossa organização. Qualquer militante ou filiado pode discordar da nossa posição, mas jamais nos acusar de fazer acordos espúrios com Janira ou com a US. Assim como não acusamos os companheiros da Insurgência, que no mesmo Diretório Nacional votaram junto com a Janira/Fevereiro e a US para referendar as 450 filiações do Daciolo no RJ. Filiações que haviam sido suspensas pela Executiva Estadual. Em nossa avaliação, esses companheiros não fizeram nenhum “acordo espúrio” com a US e Janira. Em nosso entendimento houve erro e vacilo na batalha consequente contra Janira/Daciolo/Fevereiro. Como votar pela expulsão do Daciolo e aceitar suas filiações em massa? Os companheiros possuem argumentos para explicar isto que caracterizamos como recuo e vacilo importante, e mesmo considerando um erro não iniciamos nenhuma campanha organizada ou desorganizada para atacar esta organização. A CST vem atuando para que os métodos e as políticas de Janira e US sejam derrotados no PSOL sem vacilar em nenhum momento. Ao longo dos últimos 10 anos jamais estivemos em chapas com essas correntes. No último congresso estadual do Rio, não cedemos às chantagens de Janira e não vacilamos no embate contra suas fraudes. Não fizemos acordo com Janira ou Fevereiro para “ganhar o próximo congresso”. Além de todas as polêmicas que nos separam não temos nenhum ponto de contato político, programático, metodológico ou estratégico com esse agrupamento reformista.
7.Por fim, este tipo de calúnias entre a ala esquerda do PSOL em nada ajuda para a batalha que temos internamente no partido por manter o PSOL com um programa e um perfil coerente e de luta. Ainda mais agora que temos tarefas importantes como apoiar aos professores e trabalhadores da saúde de Macapá, contra a Prefeitura do PSOL do Clécio, que criminalizou os grevistas; ou ainda quando devemos coordenar esforços em direção ao dia 29M e a greve da educação federal; e por fim seguir unitariamente a batalha para que o PSOL tenha um perfil de oposição de esquerda lutando contra o ajuste fiscal de Dilma/Temer e os governadores Tucanos.
Rio de Janeiro, 18 de Maio de 2015.
Corrente Socialista dos Trabalhadores - CST/PSOL