Último Comitê Central de Syriza: 44% a favor da Plataforma da Esquerda
Pela ruptura com a troika e por um plano alternativo.
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Na sessão do Comitê Central que terminou há algumas horas, a Plataforma da Esquerda submeteu o seguinte texto, que teve 75 votos, 95 votos contrários e uma abstenção. O texto faz um chamado a ruptura com os credores a começar com um não pagamento da dívida.

No texto adotado pela maioria do CC, há quatro condições listadas para que se tenha um “compromisso aceitável”: 1. Baixar o superávit primário; 2. Não ter mais cortes nos salários e pensões; 3. Reestruturação da dívida; 4. Investimento em um pacote significativo, principalmente nas áreas de infraestrutura e tecnologia. A isso, o texto também coloca que deve haver uma indispensável reintegração de convenções coletivas e um aumento gradativo do salário mínimo para E$ 750 (nível de 2009) e estipula que qualquer mudança na política fiscal deve promover a justiça social fazendo com que se alivie o peso daqueles que estão em desvantagem econômica e forçar para que os mais ricos paguem mais.

Neste informe de abertura, Alexis Tsipras adotou um tom firme, mas evitou qualquer informação mais precisa sobre a que pé andam as negociações nesse momento, como também não deixou claro sob quais bases haveria um possível acordo. Apenas mencionou os quatro pontos acima, que não clarificam a maioria dos pontos de desacordo. A sessão também foi marcada pela intervenção da presidente do parlamento, Zoe Kostantopoulou, que apoiou abertamente que o pagamento da dívida fosse suspenso durante um ano, com base nas conclusões do Comitê de Auditoria da Dívida, que deverá sair nos próximos dias. Ela também rejeitou os apontamentos polêmicos feitos por Lambis Tagmatarchis, como novo diretor da empresa pública de radiofusão ERT. Tagmatarchis é ligado à grande mídia e já foi diretor da ERT durante o governo de PASOK/Papandreou.
Texto completo da Plataforma de Esquerda:

Está muito claro que as instituições não estão se esforçando para que se chegue a um “compromisso honorável”. Esse “compromisso honorável” não pode existir através de privatizações e sob novos pesos sobre a classe trabalhadora. E certamente esse compromisso não pode existir sem um verdadeiro fim aos planos de austeridade, sem uma reestruturação (da maior parte) da dívida, e sem uma adequada provisão de liquidez para a revitalização da economia.

O que domina os círculos da UE, do BCE e do FMI nos últimos quatros meses é de maneira incansável, esmagar a economia e sugar até o último Euro das reservas do país para que assim se torne um governo desprotegido e que seja submisso e sirva como uma humilhação exemplar. Essa tática da UE e de seus parceiros foi vista também na cúpula de Riga.

O governo não tem outra opção a não ser o contra-ataque com um plano alternativo que esteja baseado nas promessas de pré campanha do Syriza e na plataforma programática do governo. Eis as medidas que devem ser imediatamente implementadas:

- a imediata nacionalização dos bancos com todo acompanhamento necessário para que sejam garantidas a transparência, produtividade de desenvolvimento e com critério social;

- o estabelecimento da legalidade democrática e transparência na mídia dominante, com controle substancial de suas obrigações de empréstimo;
- o imediato fim de toda rede de proteção às oligarquias envolvidas em escândalos;
- a suspensão de todo privilégio que favorece a imunidade dos grandes interesses econômicos;
- taxação substancial das riquezas e grandes propriedades, assim como taxação dos grandes beneficiados dos lucros das grandes corporações;
- a imediata e integral reimplementação, bem como salvaguarda e aplicação prática da legislação trabalhista e os direitos à organização sindical.
O governo tem de combater de forma decisiva a propaganda dos círculos dominantes que aterroriza as pessoas com o cenário de desastre completo que a suspensão do serviço da dívida e de uma eventual saída do euro vai supostamente trazer sobre o país.
O maior desastre que o país enfrenta é a imposição de um novo Memorandum, de uma maneira ou outra, a sua extensão da aplicação de memorandos passados.

O desenvolvimento disso deve ser evitado por quaisquer meios e sacrifícios necessários.
Qualquer solução alternativa para uma política progressista contra o Memorandos inclui, em primeiro lugar, a suspensão do serviço da dívida. Não obstante todas as dificuldades inerentes, é muito mais preferível a qualquer outra opção porque oferece esperança e perspectivas ao país.

Se as “instituições” continuarem com a política de chantagem nos próximos dias, o governo tem a obrigação de afirmar que essas institiuções não irão mais despir o povo grego, roubando suas economias e que não irá proceder o próximo pagamento da IMF e que tenciona a apresentar soluções alternativas para o curso do país, nos níveis econômicos, sociais, políticos e estratégicos que garantem a aplicação do seu programa.

Atenas, 24 de maio de 2015
Data de Publicação: 26/05/2015 18:44:43

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