Acaba de acontecer a quinta paralisação geral contra o governo de Cristina Kirchner. O governo, como sempre, tentou desacreditar a mobilização dizendo que se tratava de uma "greve política" e que se fez o "jogo da direita", como afirmou o dirigente ultra Kirchnerista da Confederação de Trabalhadores da Educação, Hugo Yasky. Entretanto, ele não pode esconder o novo e contundente pronunciamento do conjunto dos trabalhadores do país contra os baixos salários que não conseguem pagar as contas e chegar ao final do mês, o imposto de renda para aqueles que trabalham (enquanto a renda dos bancos está isenta) e 40% da mão de obra não tem carteira assinada. Demonstrando que nesta década quem ganhou não foram os trabalhadores e sim os grandes empresários, banqueiros e as multinacionais.
A vitoriosa greve geral neste dia 9 foi precedida de uma histórica greve dos trabalhadores dos trabalhadores do “Aceite” que conseguiram arrancar vitorias de patronais escravagistas, como algumas multinacionais e do governo nacional, que se colocou ao seu lado, se negando a homologar o acordo coletivo, ainda que finalmente teve que ceder e aceitar o aumento de 36% como nunca quis aceitar com o argumento reacionário de que os aumentos de salários geram inflação. Uma greve como poucas vezes se viu, com 25 dias de paralização por tempo indeterminado, piquetes, assembleias massivas e coordenadas entre distintos setores da categoria e de várias províncias. Com uma condução sindical diferente das tradicionais, pois se define independente dos governos e partidos políticos. O triunfo dos “aceiteros” e a vitória da paralização geral são um incentivo para fortalecer a mobilização por salário que está em curso. Agora é preciso lutar pela sua continuidade.
Além da paralisação, houve outro fato que comoveu o país. As multitudinárias marchas de 3 de junho, com epicentro no Congresso (mas também nas principais cidades do país) contra o flagelo do feminicídio, ou seja, a morte de centenas de milhares de mulheres pelo simples fato de serem mulheres. A impiedosa violência de gênero com fatos desoladores que impactam profundamente o sentimento de milhões chegando a fatos extremos como o namorado que enterrou a namorada adolescente grávida ou a professora morta esfaqueada pelo seu ex. companheiro na frente de seus alunos ou mesmo uma mulher que levou tiros de escopeta de um ex-namorado em praça pública. Estes fatos absurdos ocorrem nessa sociedade capitalista, machista e patriarcal mesmo que quem governe seja uma mulher.
O governo quis aprovar uma lei para “combater” a violência de gênero, mas a grande maioria das suas disposições nem sequer foram regulamentadas. Está na lei, mas se atua como se não existisse. Não há orçamento. Mostrando o duplo discurso de Kirchner, que diz que nestes anos os "direitos foram ampliados", quando muitos deles não existem na prática. Por isso, milhares de mulheres acompanhadas de homens e jovens eclodiram em todo o país o grito desesperado #NemUmaAMenos. Luta que também precisa de continuidade.
A paralisação e a marcha do dia 3, assim como as mobilizações contra a insegurança, contra o “gatilho fácil” (assassinato de pessoas desarmadas por parte das forças policiais), ou outras pautas demonstram um descontentamento crescente contra o governo nacional, provincial e todas as instituições deste regime e democracia dos de cima (deputados e senadores, justiça, cúpulas policiais cúmplices de delitos o tráfico de pessoas ou ações diretamente ligadas ao tráfico de drogas) que se combina à insatisfação frente aos graves problemas sociais sem solução.
Os políticos (e candidatos) patronais das distintas variáveis do PJ, a UCR o PRO do Macri ou a Frente Renovador são cúmplices e responsáveis por tudo o que está acontecendo. Por isso, é tão importante, além de lutar, fortalecer uma alternativa política dos trabalhadores e da unidade da esquerda como estamos fazendo com a Frente de Esquerda, para que possamos lutar por outro país, onde o salário seja igual a cesta básica, seja garantido o aumento da pensão mínima dos aposentados para 82% dos salários dos ativos o que beneficiaria 4 milhões de aposentados e foi vetado pela presidente e para que se combata os graves problemas sociais existentes lutando pelos direitos das mulheres, dos jovens, aposentados e demais setores populares. Para que existam mudanças de fundo, por outro modelo econômico, sindical e político. Com dirigentes sindicais que lutem e consultem suas bases. Com políticos que se coloquem a serviço das necessidades dos trabalhadores e da população e sejam a voz dos que não a tem. Lutando por uma Argentina onde governem os que nunca governaram, os trabalhadores, rumo ao socialismo. Somar-se e votar na FIT é um voto para fortalecer uma alternativa que enfrente o ajuste ainda pior que virá depois das eleições. E por mudanças de fundo a serviço do povo trabalhador. Chamamos a apoiar as lutas em curso; impulsionar um sindicalismo combativo e apoiar a FIT nas campanhas eleitorais que temos pela frente.
Participe dos nossos debates e atos para construir uma mudança pela esquerda!