A frustrada viagem à Venezuela dos senadores que compõem a oposição de direita no Congresso e foram barrados quando tentavam visitar presos políticos opositores ao governo foi vista quase como um ataque ao Brasil e mereceu nota de repudio que até os parlamentares do PSOL assinaram.
Tudo errado!
A direita brasileira representada no Congresso nada tem a ver com a defesa dos direitos humanos, nem aqui nem na Venezuela. Muitos deles foram cúmplices da ditadura militar durante os anos de chumbo e nunca passou pelas suas cabeças visitar os porões onde eram torturados os opositores do regime. Outros são sócios dos grandes exploradores e dos governadores que reprimem professores, garis ou funcionários públicos. Por isso suas dores não são nossas dores e a bancada do PSOL errou ao não se diferenciar desses políticos.
O objetivo da excursão foi fazer um espetáculo de pirotecnia para, sem nenhuma consequência, colocar o governo venezuelano contra a parede e criar um fato político para constranger o governo Dilma. Se de verdade estes personagens defendessem os direitos humanos, onde estavam quando eram massacrados brutalmente os professores de Paraná, São Paulo, Goiás ou Pará? Eles não têm nenhuma moral para encabeçar esse tipo de manifestações. Por isso não nos solidarizamos com estes senadores que são co-responsáveis da miséria, da repressão e da exploração que sofre o povo trabalhador brasileiro.
Mas outro capítulo merece o governo anti operário e militarista encabeçado por Nicolás Maduro e Diosdado Cabelo. Um governo que em nome do socialismo do século XXI faz iniqüidades contra os trabalhadores que ouçam protestar e reprime as forças políticas que lhe fazem oposição.
Não compactuamos com as políticas deste governo que enquanto “expropria” a preço de mercado empresas como Sidor contra a vontade dos trabalhadores, entregou grande parte das riquezas do subsolo construindo empresas mistas entre as multinacionais petroleiras e PDVSA no negocio do petróleo. Um governo burguês que reprime as lutas, responsável da morte de importantes dirigentes sindicais, indígenas e camponeses que ousaram encabeçar a protesta e da prisão de muitos deles. Um governo que não tolera partidos de oposição e persegue e encarcera seus dirigentes.
Somos inconciliáveis com a oposição venezuelana, agente direta dos interesses do imperialismo e inimiga do povo trabalhador. Parte dela apoiou o golpe contra o Comandante Chávez em 2002, e de conjunto seu único objetivo é aceder ao poder para se apoderar das riquezas petroleiras e voltar a fazer os suculentos negócios que faziam em épocas de AD e COPEI. Mas o governo da Venezuela é uma catástrofe em matéria direitos humanos e devemos ser firmes e claros em denunciar suas arbitrariedades, fundamentalmente contra os trabalhadores, mas também contra dirigentes políticos da oposição, sob o pretexto maniqueísta de golpismo. Porém, é o mesmo governo que perdoou os golpistas, civis e militares, de 2002 que foi derrotado pela mobilização popular.
Por isso, à vez que desde a CST somos solidários com a postura de nosso partido irmão venezuelano o PSL, Partido Socialismo e Liberdade, de combater sem trégua essa oposição de direita pro imperialista, somos profundamente críticos com esse governo inconsequente que promove fatos que sujam as bandeiras da esquerda e do socialismo e exigimos o pleno estado de direito e a liberdade de todos os presos políticos, sindicais, camponeses, populares e juvenis na Venezuela.
Nada temos a ver com as falsas manifestações por Direitos Humanos da direita brasileira e as escaramuças produzidas com militantes governistas. Mas repudiamos a falta de liberdades na Venezuela que afeta os trabalhadores e a toda a população que ousa ter uma opinião contrária à do governo Maduro, Cabello-PSUV.
A falta de liberdades e a repressão aos que protestam contra a hiperinflação, o desabastecimento, o desemprego e o arrocho salarial é um dos obstáculos fundamentais que tem freado o fantástico processo revolucionário venezuelano que acabou com o bipartidismo, mudou o regime político e se ilusionou com avançar ao socialismo. O modelo de empresas mistas impulsionado pelo chavismo, privilegiando as relações com empresas multinacionais de petróleo, setores militares e burgueses aliados (a boliburguesia) em detrimento dos interesses do movimento operário que ficou relegado a um segundo plano foi determinante para congelar o processo
revolucionário aberto com o Caracazo em 1989.
Mas a classe operária está inteira e disposta a continuar lutando como provam os metalúrgicos sidoristas, os funcionários das montadoras, os trabalhadores das universidades, os petroleiros e amplos setores da juventude. Confiamos nessa força e não na manifestação dos senadores brasileiros de direita para mudar os rumos da Venezuela e ré colocá-la no caminho do socialismo com democracia para resolver os graves problemas econômicos e de direitos humanos.
22/06/2015
Corrente Socialista dos Trabalhadores - PSOL