Greve nas Universidades: quebra de braço contra os cortes do governo Dilma!
Os intensos ataques do governo Dilma (PT/PMDB) à educação pública vem causando desde o início do ano efeitos alarmantes nas universidades: inúmeras instituições atrasaram o início das aulas, fecharam setores por falta de material, alastram-se greves dos terceirizados por falta de salário e, como a crise se amplia, hoje já se identifica falta de papel higiênico, seringas e gases em hospitais, além do não pagamento regular de centenas de bolsas de estudos, pesquisas e a paralisação de obras que há anos se arrastam sem conclusão.
Essa situação se deve ao brutal plano de austeridade em curso no país, que já cortou somente da educação mais de 9 bilhões, o que levou à redução de 30% nas verbas destinadas à manutenção das IFES – Instituições Federais de Ensino Superior.
Com todos esses problemas, no dia 28 de maio, a Fasubra e o Andes (professores e funcionários das IFES) iniciaram uma greve nacional. Já são 65 entidades dos servidores em greve e os professores já entraram em greve em 25 instituições.
Governo e reitores se empenham para tentar abortar a greve
Como a greve das universidades federais tem todas as condições de nacionalizar o enfrentamento aos ataques à educação perpetrados pelo governo Dilma, o governo petista tem se empenhado, através dos reitores, para tentar impedir o avanço da greve. As assembleias dos docentes são lotadas e muito divididas. O que tem de novo é uma presença massiva de pró-reitores, alta cúpula de gestores ligados a cursos pagos, projetos privatistas como a EBSERH votando contra a greve, e quando perdem a votação incentivam a não acatar, são fura greve. Mesmos assim, temos inúmeros exemplos da disposição dos docentes. Na UFBA os docentes derrotaram a direção do PROIFES, que dirige a Associação de Docentes local que defendeu contra a greve, e votaram massivamente pela greve.
A mobilização segue forte!
Em várias universidades estudantes também deflagraram greve, mesmo onde os professores não estão paralisados, como UFRJ e UNIRIO. Em universidades como a UFF, as três categorias estão em greve e têm realizado fortes ações desde o início do movimento. Dia 27/05 (véspera da deflagração) ocorreu passeata até a reitoria da federal fluminense que ficou ocupada por vários dias. Dia 28, aconteceram piquetes em dois campis e nova passeata, desta vez dos estudantes de medicina junto com os funcionários do Hospital Antônio Pedro. No Pará, a greve também é unificada, e com essa força tem ocorrido piquetes importantes para impedir os fura-greve na UFPA e na UFRA. Na UFRJ, os locais de trabalho têm realizado reuniões setoriais para debater a greve e eleger representantes para o Comando Local de Greve. Na PR4 (Pró-reitoria de pessoal), por exemplo, a reunião contou com 120 trabalhadores.
Além disso, as ações unitárias dos técnicos e dos estudantes fizeram com que o conselho de ensino propusesse suspender o calendário acadêmico, e apesar do Conselho Superior não ter ratificado tal decisão, votou uma resolução meio termo que não penaliza os cursos que aderirem a greve. O que demonstra o grau de polarização que existe. Na UFMG, apesar da direção do sindicato ser governista, as assembleias têm sido lotadas e há muita disposição da base em fazer a greve. Inclusive no HU, a greve está em 50%, a base passou por cima da orientação da direção do sindicato que orientava parar apenas 10%.
Unificar todos os servidores Públicos
Estamos diante de uma queda de braço com o governo Dilma sobre os rumos da educação. Dilma e o PT já mostraram que optam pela privatização, seja das rodovias, aeroportos, mas também dos hospitais universitários. Cortam verbas para obrigar a ampliar as cobranças de taxas, serviços, cursos nas federais, como já ocorre especialmente na pós-graduação. As direções governistas sabem disso e pressionam para que a greve apenas reivindique pautas democráticas; não entram em greve nas federações que dirigem como Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal) e Fenajuf (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público Federal) Tudo para não questionar o ajuste fiscal.
Os servidores federais que ainda não entraram em greve devem fazê-lo imediatamente. O governo Dilma está no ápice de seu empenho em desmontar o serviço público. A nível nacional, o Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, profissional e Tecnológica), em plenária nacional, definiu greve para iniciar dia 13 de julho. Encontro da Fenasps (Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social) indicou greve para iniciar dia 7 de julho.
Por isso cabem as bases exigirem, sobretudo da direção da Condsef que deixe de blindar o governo e que oriente a entrada em greve para unificar com as universidades. Temos que organizar uma greve unificada de todo o serviço público federal, a exemplo de 2012.
No interior das universidades cabem aos companheiros da CSP/Conlutas e Intersindical, que dirigem a Fasubra, uma maior responsabilidade em conduzir a greve de forma unificada. Entretanto cometem erros, a exemplo do manifesto sobre os hospitais universitários que não denuncia o governo Dilma.
Na greve das universidades unificar docentes, técnicos e estudantes.
O comando de greve das universidades tem que cumprir o papel da unificação entre Andes, Fasubra e os estudantes. Também deve encabeçar a iniciativa de buscar a Fenasps e Sinasefe para construir a unidade e os demais servidores federais para que se realize atividades nos estados e em Brasília para obrigar o governo a negociar.
Derrotar o ajuste fiscal e recuperar o orçamento cortado da educação e da saúde é necessário para que o funcionalismo não seja empurrado às condições ultra precárias, como já ocorre com os terceirizados.
Devemos também exigir que a CUT e CTB rompam com o governo e que venham apoiar a greve da educação. E cabe aos setores da esquerda como a Conlutas, Intersindical, ANEL e esquerda da UNE cercar de solidariedade a greve das universidades e buscar todos os esforços para unificar um calendário de lutas e mobilizações junto com a greve.
Reitor da UFF criminaliza o Sintuff
Desde o primeiro dia de greve, o reitor Sidney Mello entrou com um interdito proibitório contra o SINTUFF proibindo o sindicato e seus dirigentes de organizarem manifestações e piquetes de convencimento nas dependências da universidade, sob pena de prisão, multa e processo administrativo punitivo, ameaça estendida aos estudantes e professores. Essa atitude faz parte da política do governo Dilma e dos reitores de criminalizarem os que lutam. Não podemos permitir que nas universidades continuem com este tipo de ações antidemocráticas que ferem o direito constitucional de greve e de livre manifestação. Por isso exigimos que o reitor Sidney retire imediatamente o processo contra o SINTUFF, e que pare de ameaçar os estudantes, professores e técnicos que estão greve.
Chega de criminalização!
Pelo livre direito de greve e de manifestação!