Referendo na Grécia: NÃO à chantagem imperialista, NÃO à troika e à UE, NÃO ao pagamento da dívida externa
Fonte: Nota da UIT- CI / Unidade Internacional dos Trabalhadores www.uit-ci.org
O povo trabalhador e a juventude da Grécia está vivendo momentos chaves na sua luta por sair da constante chantagem imperialista, da Troika (FMI – Banco Central Europeu e União Europeia) que há anos estão impondo pacotes de rebaixas salariais e de aposentadorias, privatizações e todas formas de saque de suas riquezas. Tudo para pagar uma dívida externa fraudulenta e impagável, negociada por governos cúmplices do FMI e dos bancos internacionais.

Frente às novas chantagens imperialistas, o governo de Syriza viu-se obrigado a convocar um referendo na Grécia para o domingo 05/07. A situação chegou a tal ponto, que na terça feira 30 de Junho o governo Syriza teve que deixar de pagar a dívida externa, uma quota de 1,6 bilhões de euros. A troika, o FMI, a patronal, os banqueiros e a direita grega, não puderam evitar o referendo e temem um triunfo do Não. Todos eles se lançaram a impulsionar o SIM para que continuem os memorandos e os ajustes contra o povo grego.

Os trabalhadores, a juventude, os setores populares e a esquerda saíram às ruas para repudiar, mais uma vez, à Troika e chamando ao voto NÃO. Da nossa parte, nos somamos e solidarizamos com esse chamado. É necessário dizer NÃO Á TROIKA, AO FMI E SEUS AJUSTES, NÃO AO PAGAMENTO DA DIVIDA EXTERNA, NÃO À CHANTAGEM DA UE da Merkel, Hollande e Cia. Um massivo e categórico triunfo do NÂO será uma derrota política da troika e fortalecera o povo trabalhador grego para seguir a mobilização e parar o saque da nação.

No mundo, o imperialismo e os agentes do FMI e seus governos lacaios, fazem campanha semeando o medo frente a uma suposta catástrofe que significaria que na Grécia se deixe de pagar a dívida. Isso é falso. A verdadeira catástrofe humanitária é a que criaram eles impondo os supostos “resgates” somando mais e mais dívida, para depois impor condições de fome e saque contra o povo grego. O desemprego chegou a 27% e as rebaixas salariais, de aposentadorias e dos orçamentos sociais superam em muitos casos o 40%. Por isso insistimos que a única saída para esta crise humanitária é romper com a Troika e deixar de pagar a dívida. O que possibilitaria utilizar esses bilhões de euros para aumentar salários e aposentadorias, e para mais e melhor saúde e educação.

Infelizmente, o governo encabeçado por Alexis Tsipras e seu partido Syriza, que se reivindica de esquerda, desde que assumiu em janeiro, ao invés de cumprir com seu mandato de pôr fim aos memorandos, teve como eixo uma política de negociação com a Troika, cedendo às suas pressões com novos ajustes. O resultado e que a Troika se encorajou e continuou chantageando e exigindo mais rebaixas nos salários e aposentadorias.

Foi pela pressão popular e de setores da esquerda de Syriza, que o primeiro ministro Tsipras viu-se obrigado a convocar o referendo. Mas existe o perigo que mais uma vez o governo Syriza e Tsipras cedam às pressões.

Como exemplo disto é o pedido atual de Tsipras e seu ministro Varoufakis de negociar um “novo plano de resgate” para cobrir os pagamentos dos vencimentos da dívida dos próximos dois anos. Ou seja, Syriza está solicitando uma negociação por novos planos que aumentarão a dívida externa.

Isto deve ser rejeitado pelo povo e a juventude grega. Pois as vias centristas e de buscar “negociar” já demonstrou que não serve aos trabalhadores. Estes junto à juventude devem exigir do governo Syriza ir verdadeiramente e até o fim com o NÃO no referendo voltando ao mandato popular do triunfo de 25 de janeiro e não ceder às ameaças da Troika. É impossível negociar acordos com os especuladores que afundaram os trabalhadores gregos na miséria.

Importantes setores da esquerda de Syriza, agrupados na Plataforma de Esquerda se pronunciaram contra qualquer novo pacto com a Troika, pela suspensão do pagamento da dívida e pela nacionalização dos bancos. Isto é muito positivo. Por isso chamamos estes setores para que junto ao povo exijam do governo Tsipras que não capitule frente à Troika. Além deles, outros setores, sindicatos, organizações estudantis e da esquerda, entre eles Antarsya e OKDE que não pertencem a Syriza levantaram bandeiras similares e convocam ao NÃO e à mobilização.

Será fundamental frente à política centrista que encabeça Alexis Tsipras que se consiga a unidade, uma frente de todos estes setores para que triunfe o NÃO para lhe dar continuidade com a mobilização operária e popular pela ruptura com a Troika, a UE, a zona Euro e com o pagamento da dívida para ter dinheiro para salário, aposentadorias, trabalho, saúde e educação; pela nacionalização dos bancos para evitar a fuga de capitais e que os poupadores percam seus fundos, pelo cancelamento das privatizações e por um plano de urgência operário e popular.

Desde a UIT-QI nos somamos à campanha e mobilização pelo NÂO no referendo. Fazemos um chamado aos trabalhadores e à juventude do mundo a se somar à solidariedade com o povo grego. Especialmente os trabalhadores europeus: frente ao bloco imperialista é preciso avançar num bloco dos trabalhadores e os povos. Existe uma grande responsabilidade dos sindicatos e da esquerda europeia para não deixar sozinhos o povo grego nesta luta tão desigual. Na Grécia se joga o futuro dos trabalhadores da Europa. Um triunfo do povo e dos trabalhadores e da juventude grega será um triunfo de todos os que lutam contra os planos de ajuste e austeridade que o imperialismo, as multinacionais e seus governos cúmplices tentam aplicar.

Unidade Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-CI)
Data de Publicação: 01/07/2015 19:27:08

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