Desde o ano passado, quando surgiu a proposta do novo ENEM para torná-lo um instrumento nacional unificado de seleção para acesso ao ensino superior, temos percebidos os atropelos do governo federal analisado a questão como preocupante.
Os atos que estão acontecendo em todo o país, como no Rio de Janeiro e em Recife que reuniu mais de 500 estudantes, desde o anúncio do adiamento da prova, são o resultado de uma política desastrosa do Governo Lula. Além do fato de o Governo Federal, através do Ministério da Educação, ter empurrado tal modelo goela abaixo dos estudantes, se prova que técnica e politicamente a proposta é confusa e equivocada.
Desde antes da notícia do vazamento e do cancelamento do exame, milhares de estudantes já sofriam dificuldades com a organização da prova. Diante do atual escândalo até a Polícia Federal investiga o vazamento. O fato é que o Governo não teve capacidade de organizar o exame e não conseguiria corrigir a tempo os erros até a data da prova. Um número, que passa dos 50 mil estudantes, tentava desesperadamente reorganizar seu local de realização da prova, pois o Ministério da Educação os havia alocado em lugares muito distantes da sua cidade de moradia para a realização da mesma. Isto prova que o vazamento e o cancelamento não são os primeiros e nem serão os últimos problemas do ENEM. Por essa razão, devemos apoiar todas as mobilizações que se desenvolvem, dos estudantes pré-universitários e dos universitários como na UFMT que ocuparam a reitoria contra a proposta do novo ENEM.
Infelizmente as direções majoritárias da UBES – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas -, e da UNE – União Nacional dos Estudantes -, que apóiam o Governo Lula entusiasticamente nada falaram sobre a implantação do ENEM, são contra as mobilizações, e agora simplesmente ignoram que cerca de 4 milhões de estudantes estão prejudicados.
Nós, da O.E. (Oposição de Esquerda) da UNE, somos a favor da universalização do acesso ao ensino superior, por isso, contra o novo modelo do ENEM, por acreditarmos que este novo modelo não atinge e não reverte o principal problema que temos hoje, que é a falta de vagas nas universidades públicas. Hoje, apenas 11% dos jovens brasileiros em idade universitária (18 a 25 anos) fazem um curso superior, e destes menos de 4% estão matriculados em universidades públicas. Além disso, o novo ENEM coloca arbitrariamente em um mesmo patamar estudantes de realidades distintas. A prova é única para todos os estudantes do país e não leva em consideração disparidades e diferenças regionais e culturais.
Diante do cenário de crise econômica em que o governo Lula cortou 1,2 Bilhões do orçamento da educação, a única saída que os estudantes têm é seguir o exemplo das mobilizações para exigir apuração do vazamento das provas e a ampliação de vagas no ensino superior público com qualidade.
02 de Outubro de 2009.
Silaedson da Silva Juninho – Diretor de Universidades Públicas da UNE 21-9394-6339
Bárbara Sinedino Pinheiro – DCE – UNIRIO 21- 8873-6479
Marco Antônio Costa – DCE – UFF - 21- 8764-5051
Julia Borges – DCE UNAMA PA
Zaraia Guará – DCE UFPA
Thais Sá – DCE UNIFAP
Cleber Melo – DCE UFRS
Danilo Bianchi Moreira – DCE UFOP
Julio Miragaia – DCE Estácio de Sá PA