Os caminhoneiros realizaram bloqueios de estradas e manifestações em cerca 12 estados. Reivindicam a redução do valor do óleo diesel e o aumento dos fretes, bem como o questionam a elevação dos impostos no país. Esse setor, que realizou outras manifestações na história do país – nos governos de FHC e Lula – sofre os efeitos da crise e encontrou uma forma de se mobilizar para enfrentar essa situação.
Os caminhoneiros são submetidos a jornadas terríveis, precarizadas, sendo que muitos se submetem a falsos contratos de terceirização. São massacrados pela patronal dos transportes e do agronegócio que impõe um péssimo regime de trabalho e baixos valores de fretes. Sem falar nos valores absurdos do IPVA para esse setor. E o governo Dilma joga, como sempre, do lado do empresariado.


O governo Dilma criminalizou os caminhoneiros


Ao invés de negociar ou atender a pauta dos caminhoneiros, a presidente Dilma declarou que “paralisar o abastecimento é crime” e publicou a Medida Provisória 669, para impedir o bloqueio das vias. A MP 669 fixa punição de até R$ 11 mil para quem fechar rodovias e de até R$ 38 mil para quem organizar esse tipo de ato. Outras penalidades são o recolhimento da habilitação, a remoção do carro e proibição de receber incentivo creditício para aquisição de veículos. Além disso, o governo autorizou o uso da Força Nacional para desbloquear as estradas.

O governo Dilma quer destruir a luta dos caminhoneiros e por fim aos bloqueios, pois esse método coloca, momentaneamente, sob o poder dos manifestantes a decisão sobre a circulação das mercadorias do país. Deseja dar uma lição a uma greve não controlada pela burocracia petista e busca impedir que outros sigam esse exemplo. Diante de tamanha truculência - praticada por um governo que possui apenas 9% de apoio popular - compreendemos a postura do movimento em oposição ao governo federal. Não por acaso os caminhoneiros tem como lema mais popular o FORA DILMA/Impeachment, já que prima uma monumental insatisfação social contra o PT. Uma pauta que eles possuem o direito de apresentar, sendo absurda a campanha dos governistas contra os caminhoneiros.


Os caminhoneiros não podem cair nas garras do DEM, do PSDB e da velha direita


Enquanto os caminhoneiros estão em luta, as direções pelegas de sindicatos e confederações da categoria se colocam contra a mobilização. A maior parte delas (Confederação dos Transportadores Autônomos, Sindicatos Estaduais, Sindicato dos Cegonheiros, Confederação de Transporte e Logística da CUT, Sindtanque-SP) assinou um acordo com o governo Dilma no inicio do ano, em meio a mobilização anterior desse setor. Um acordo que incorporou algumas das pautas da categoria, sem resolver problemas centrais como o valor mínimo do frente nacional.

Entidades como a FUP (da CUT) que lidera uma greve nacional dos Petroleiros fez uma nota para se desvincular dos caminhoneiros e taxar suas pautas de “manobra golpistas”. E por fim, as maiores organizações da oposição de esquerda ao governo Dilma nada fizeram sobre a greve dos caminhoneiros. E nesse vácuo que se fortalecem dirigentes com ligações junto a direita tradicional, caso de Ivar Schimidt. Não por acaso são alguns deputados e senadores do PSDB e DEM que apoiam a direção do Comando Nacional dos Transportes (apesar de que o senador do PSDB, Ataídes Oliveira, se diz preocupado com os bloqueios). Também esse é o motivo do apoio dos grupos como “vem pra Rua”, “Brasil Livre” e “revoltados on line”, organizações juvenis de direita. É por isso também que existem, de forma bem minoritária, faixas com consignas contra o “Foro de São Paulo”. Um grande perigo é o apoio ativo de Ronaldo Caiado/DEM (que chama os ruralistas a apoiarem o movimento) e do Deputado Bolsonaro. Dois deputados reacionários, um ligado ao agronegócio e o outro aos militares.

Nós da CST-PSOL entendemos a justa indignação dos caminhoneiros, porém, não compactuamos com essas direções de direita que já governaram o país e sempre atuaram contra o povo. Hoje eles tentam capturar a greve para seus próprios objetivos políticos pois ao longo de toda sua história sempre criminalizaram todos os tipos de lutas, greves e mobilizações, inclusive os protestos de caminhoneiros dos anos 1990. O PT, de hoje, no governo, aplica uma política semelhante ao PSDB/DEM dos anos 1990. Hoje o PT é também um partido da ordem burguesa e de direita, semelhante ao PSDB. Apesar da polarização entre situação e oposição, eles estão juntos no ajuste fiscal, na retirada de direitos e nos ataques aos trabalhadores. Basta ver o preço dos pedágios por todo país, não importando se o governador é petista ou tucano. Do mesmo modo não compactuamos com nenhum movimento de empresas e patrões que tentem usurpar as reivindicações autônomas dos caminhoneiros para preservar seus lucros, nem compactuamos com ações em comum com ruralistas.


A esquerda precisa atuar!


A CST-PSOL apoia a luta dos trabalhadores caminhoneiros, seus métodos de mobilização e suas reivindicações, sem nos confundir com essas lideranças de direita. É nas ruas, com bloqueios, nas greves, paralisando a produção, em unidade com movimentos sociais, que podemos dar um fim a esse governo anti-popular e seu plano de ajuste sem nos confundir com a direita tucana e esse congresso reacionário.

A tarefa da esquerda é ser parte de movimentos como esses, disputando a direção contra as lideranças de direita. É preciso que o PSOL, PSTU, PCB, PCR, tenham uma política para esse tipo de mobilização, atuando em comum com a CSP-CONLUTAS e INTERSINDICAL, mostrando aos caminhoneiros que pode existir um pólo de Oposição de Esquerda no país, que é possível construir um terceiro campo, contra o PT e o PSDB, construção que só vai existir efetivamente se for nas lutas.

Defendemos a ampliação dos bloqueios de estradas e o fim de criminalização da luta. Propomos a unidade de Caminhoneiros, Petroleiros e demais movimentos em luta rumo a uma greve geral contra o governo Dilma e sua política anti-popular.