Na noite de 13 de novembro, se produziu uma série de atentados em Paris, capital da França. As vítimas chegam a cerca de 150 pessoas. Os atentados terroristas se realizaram de forma indiscriminada sobre a população indefesa, matando pessoas que assistiam um espetáculo artístico ou próximo ao estádio de futebol. Uma ação criminosa, repudiável e inaceitável.
Nós, socialistas da UIT-QI, repudiamos esta ação terrorista que confunde e debilita a legítima causa dos povos árabes, em especial o sírio e o palestino na luta contra o imperialismo e seus aliados reacionários como Bashar al Assad e o sionista Benjamin Netanyahu. E porque, novamente, será utilizada pelo imperialismo francês, por seu governo do socialdemocrata Hollande, para fortalecer a repressão sobre seus povos e sua juventude.
A origem deste atentado está no conflito da Síria e na reiterada intervenção imperialista da chamada "Coalizão contra o terrorismo", encabeçada pelos Estados Unidos e integrada pela França, que atua bombardeando o território sírio. Da mesma forma que o fazem a Rússia e o Irã.
O ditador Bashar al Assad saiu a declarar que também é responsável pelo que ocorreu o governo francês que "respalda o terrorismo" opositor contra seu "legítimo governo". Isto é falso. Tanto Bashar, como a França e o imperialismo norte-americano tem sua cota de responsabilidade nestes atentados. Em primeiro lugar, o de Bashar al Assad que não é um governo "legítimo", mas uma ditadura que enfrenta desde 2011 uma rebelião popular que foi parte da "Primavera árabe" iniciada na Tunísia e Egito. Desde então, vem massacrando o povo com tanques, bombardeios e armas químicas. Com o apoio aberto do reacionário Putin que está bombardeando indiscriminadamente a população civil que se opõe ao ditador. Em segundo lugar, também França, Inglaterra, Turquia e os EUA com sua "coalizão", bombardeiam as zonas rebeldes, coordenando com Assad e Rússia, com o mesmo argumento de combater o terrorismo do Estado Islâmico. Ou seja, todos, objetivamente, sustentam Assad ou buscam uma saída negociada com o ditador; como estão discutindo em Viena e na reunião do G20 na Turquia.
Na guerra síria existem três frentes: 1) a encabeçada pela ditadura de Al Assad; 2) a do reacionário Estado Islâmico; e 3) a do restante do povo rebelde armado que deu início a revolução popular de março de 2011, da qual fazem parte o Exército Livre da Síria (ELS), variadas milícias independentes e as brigadas curdas de Kobane e outros lugares.
O Estado Islâmico, que reivindica a autoria dos atentados criminosos ocorridos na França, é um desprendimento da Al Qaeda, é uma milícia jihadista ultra reacionária criada em 2013 e financiada em seu início pelas monarquias petroleiras e pró-ianques da Arábia Saudita, Qatar e pela Turquia. Se suspeita que Assad deixou que ela se organizasse, inclusive liberando muitos de seus militantes que estavam presos em seus cárceres. Jogam o papel de quinta coluna para derrotar a rebelião popular contra Bashar al Assad com o projeto de criar um "Califado", ou seja uma nova ditadura, mas de tipo teocrática.
Por isso, suas ações terroristas na França, ou onde forem, devem ser repudiadas, porque estão ao serviço de uma causa reacionária e contribuem para criar ainda mais confusão sobre as massas sobre quem são seus verdadeiros inimigos, que são o imperialismo, Rússia e seus agentes como Assad e todos os governos reacionários do Norte da África e Oriente Médio, incluindo entre eles, Israel e também o Estado Islâmico.
Agora França, Estados Unidos, Alemanha e todo os imperialismos e seus aliados vão querer se apresentar como vítimas quando, na realidade, são, historicamente, os responsáveis máximos deste desastre. O imperialismo francês tem uma larga história de violência colonial na África. Agora são parte da coalização que bombardeia sistematicamente Iraque e a Síria. Junto à Alemanha e aos EUA, respaldam a política belicista da OTAN. Apoiam os crimes do sionismo contra o povo palestino. E são insensíveis diante do drama de milhares de refugiados que chegam à Europa escapando da miséria e fome capitalistas e das guerras provocadas por eles.
Desde a UIT-QI repudiamos, uma vez mais, estes novos atentados terroristas que confundem a causa dos povos em luta e ajudam, objetivamente, o imperialismo a seguir aplicando sua política de repressão e bombardeios na Síria, Iraque ou Afeganistão. Somente a luta dos povos do mundo inteiro poderá terminar com as agressões imperialistas e com as ditaduras genocidas como a de Bashar al Assad.
Repudiamos os atentados do Estado Islâmico na França
Basta de Bashar al Assad! Não ao Estado Islâmico! Basta de bombardeios da Rússia, Estados Unidos e França
Viva a luta do povo rebelde sírio. Viva a luta palestina!
Total solidariedade com os refugiados!
Unidade Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional (UIT-QI)
14 de novembro 2015