Dia 8 de Março | Fora todos os inimigos das mulheres!

A primavera feminista abriu um novo momento para as mulheres no Brasil. As massivas mobilizações que tomaram as ruas no final do ano passado contra o PL 5069 e pelo Fora Cunha, não só ajudaram a colocar o Eduardo Cunha (PMDB) na berlinda – que agora é réu da Lava-Jato no STF -, mas se combinou com um ascenso das mulheres denunciando assédios e violências nas redes sociais e protagonizado lutas, mobilizações e greves. Em São Paulo, foram as minas secundaristas que estiveram à frente de diversas ocupações de escolas que fez suspender o projeto de reorganização escolar e despencar a popularidade de Geraldo Alckmin (PSDB). Foram as trabalhadoras terceirizadas da Higilimp que se mobilizaram por salário e emprego no metrô e na USP. No Rio de Janeiro, as professoras estão à frente de uma histórica greve da educação. Em Porto Alegre, centenas de meninas de uma escola tradicional (Colégio Anchieta), fizeram um grande protesto contra a proibição do uso de shortinho na escola que conquistou uma repercussão nacional. Cada vez mais as mulheres tem tomado as ruas contra a retirada dos seus direitos. Somos obrigadas a lutar porque o governo Dilma (PT/ PMDB), os governadores e prefeitos se aliam aos patrões aplicando um brutal ajuste fiscal com cortes das áreas sociais do orçamento como saúde e educação, aumento das tarifas de transporte, energia elétrica, etc., aumento da inflação, demissões, que atinge principalmente as mulheres trabalhadoras.

Não iremos às ruas em defesa de Lula, Dilma e do PT

PT, PCdoB, CUT, entre outros setores, querem transformar o nosso dia de luta em um ato de “Mulheres com Lula” para defender Lula, Dilma e o governo do PT. Mas é Dilma e o PT quem hoje aplica o ajuste e precariza ainda mais a condição de vida das mulheres. São esses os que governaram e governam pros banqueiros e empresários, que seguem lucrando muito mesmo com a crise econômica. E hoje estão envolvidos, junto com Cunha e o PMDB, FHC e o PSDB, em um mega escândalo de corrupção evidenciado na Operação Lava-Jato.

A verdade é que o governo da Dilma e o PT enfrentam uma brutal crise política, que se aprofundou com o vazamento da delação de Delcídio Amaral e com a investigação sobre o Lula. Tudo que eles querem é tentar de todas as formas salvar esse governo e seus interesses e benefícios próprios. Lula está chamando o povo às ruas e o PT e PCdoB querem que nós mulheres estejamos nas ruas com Lula. É contra o ajuste? Não. É para auditar a dívida pública? Não. É para impedir a reforma da previdência? Não. É pela legalização do aborto? Não. É contra o escândalo da corrupção da merenda do PSDB? Não. É em defesa da educação? Não. É apenas para defender o governo dos banqueiros e das empreiteiras e seus luxos e privilégios. Precisamos estar nas ruas para lutar contra o ajuste e a reforma da previdência, e pela legalização do aborto. Não é possível fazer isso e, ao mesmo tempo, defender um governo e um partido que aplica esses medidas ou não avança nenhum milímetro nas pautas históricas das mulheres.

Hoje a ampla maioria da população rejeita o governo Dilma e a maioria das pessoas dizem que não votariam de jeito nenhum em Lula em 2018. Se a imensa maioria dos trabalhadores não tem mais a menor confiança no PT, não será a nova geração das jovens mulheres da primavera feminista, ocupações e greves, que só viu esse partido como líder das medidas anti-populares que irá expressar qualquer apoio a eles. Eles devem ser investigados e punidos. O mesmo vale para Cunha e o PMDB. E também para Aécio Neves e todos os tucanos ladrões de merenda do PSDB. Dilma, Lula, Aécio, Temer, Cunha, Alckmin, Pezão, são todos igualmente inimigos das mulheres e devem ser colocados para fora, não podem mais governar.
Avançar na primavera feminista pra construir uma alternativa pela esquerda!

Por isso, nesse 8 de março, dia internacional da mulher, precisamos mais uma vez colocar nossas pautas nas ruas e avançar na primavera feminista para derrotar o ajuste fiscal. É fundamental unificar as lutas das mulheres com as demais lutas em curso por salário, emprego, saúde e educação, para enfrentar os ataques dos governos e partidos da ordem, colocar pra fora Dilma, Temer, Cunha, Renan e Aécio, e construir uma alternativa de esquerda e classista para colocar as pautas mais urgentes das mulheres na ordem do dia.

Chega de Zika! Direito ao aborto legal, seguro e gratuito já!

Estamos vivendo no país uma epidemia do zika vírus combinada com sua relação com o surto de microcefalia, que afeta principalmente a vida das mulheres. Há relatos de abandono de mulheres mães de bebês com microcefalia e são, principalmente, as mulheres pobres as principais vítimas pela falta de recursos para cuidar dessas crianças. É importante ressaltar aqui que, de 2014 para 2015, o governo federal diminuiu os investimentos empregados no combate à epidemias, é só esse ano já cortou 2,5 bilhões de reais da saúde, quando deveria destinar mais recursos.

Essa verdadeira crise da saúde trouxe à tona o debate sobre a legalização do aborto, pautado inclusive pela ONU. O reconhecido médico Dráuzio Varella apontou que o debate sobre aborto no Brasil é uma hipocrisia, pois é aborto é legalizado para quem tem condições de pagar. São as mulheres pobres as que morrem em decorrência dos abortos clandestinos, a quarta principal causa da morte das mulheres no nosso país hoje. Mesmo frente à essa situação, o governo Dilma segue calado e sem avançar nessa bandeira histórica das mulheres, mostrando que mesmo sendo uma mulher na presidência, não está à serviço da nossa luta. Devemos levantar a pauta da legalização do aborto para que as mulheres possam ter o direito de decidir e parem de morrer nas clínicas clandestinas.

Reforma da previdência de Dilma, um ataque histórico às mulheres trabalhadoras

Dilma prepara, com o apoio dos tucanos e dos grandes empresários, um dos maiores ataques contra o direito das mulheres dos últimos anos. A nova reforma da previdência prevê igualar a idade de aposentadoria entre homens em mulheres. Hoje, os homens se aposentam com no mínimo 65 anos e as mulheres aos 60. Esse ataque não reconhece que, além de receberem em média 30% a menos que os homens, as mulheres enfrentam em geral a dupla jornada diária, pois são ainda as principais responsáveis pelas tarefas domésticos. Ou seja, a reforma da previdência de Dilma, vem para piorar ainda mais o cotidiano e o futuro das mulheres trabalhadoras, mostrando que não há saída para nós que não seja enfrentar esse governo e seus ataques.

Pelo fim da violência contra as mulheres

A indignação pela morte de duas turistas argentinas que viajam pelo Equador tomou conta das redes sociais nos últimos dias. O problema do machismo e da violência contra as mulheres é mundial. Sabemos que são as mulheres pobres, negras e da periferia as que mais sofrem com a violência. Infelizmente, hoje o Brasil é o quinto pior lugar pras mulheres viverem, devido à violência doméstica, sexual e feminicídio. Nesse 8 de março, é preciso dizer em alto e bom som: BASTA DE VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES!

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