COMBATE | Contribuição para a reunião Nacional da CSP-CONLUTAS

A seguir publicamos texto da Corrente Sindical COMBATE – Classista e pela Base, com propostas para intervir na presente crise política e social. A contribuição foi apresentada durante a última reunião da Coordenação Nacional da CSP-CONLUTAS realizada em São Paulo, entre os dias 9 e 11 de junho. Propostas semelhantes foram apresentadas oralmente pelo COMBATE na reunião da SEN da CSP-CONLUTAS, realizada antes da Coordenação Nacional.

A delegação do COMBATE contou com camaradas da direção do SINTUFF, do Metrô de São Paulo e dos Correios do RJ. Boa Leitura!


 

Preparar a Nova Greve Geral de 30 de junho para derrubar Temer e suas contrarreformas!

Estamos num momento superior da luta de classes no país, sobretudo após a greve geral de 28 de abril, devido a entrada da classe trabalhadora em cena com suas organizações e seus métodos de luta: greves, piquetes e atos radicalizados. Isso ocorre porque o povo trabalhador já não aguenta mais pagar pela grave crise econômica e social, que tem sido o combustível que produz um importante processo de lutas, desgastando o regime político vigente. O processo que envolve Temer e a JBS só se explica devido a essa conjuntura de lutas, que predomina é uma forte instabilidade no país, onde as várias frações da burguesia não se entendem sobre qual o caminho seguir para aplicar as reformas neoliberais em meio ao ascenso e a possibilidade de novas explosões sociais nas ruas. A chapa pode esquentar mais ainda se o ex-deputado Loures assessor de Temer, que acaba de ser preso, decidir abrir o bico, sem falar ainda na imprevisibilidade do julgamento da chapa no TSE que ocorre nesse momento. O fato é que as negociatas para salvar o podre regime seguem. Tem aqueles que procuram uma recomposição que pudesse garantir que Temer siga até o final do mandato, como Eunicio Oliveira e Rodrigo Maia. Há ainda setores que já negociam um “acordão”, que prevê eleições indiretas, tal como vimos na reunião dos ex-presidentes de Lula, FHC e Sarney. Há setores da burguesia que não descartam a eleição direta, como a Folha de SP, o senador do DEM Ronaldo Caiado e a CCJ do Senado que aprovou uma emenda sobre Diretas. Se de um lado os setores da burguesia procuram uma saída para salvar o regime e as reformas em curso. Também é necessário que nossa classe procure uma saída dos de baixo.

Preparar a Greve Geral de 30 de junho em cada local de trabalho!
No dia 05/06 a reunião das direções das centrais sindicais do país (CUT, Força Sindical, CTB, UGT, Nova Central, Intersindical, CSP-Conlutas) definiu convocar a nova greve geral para o dia 30 de Junho. Além disso, divulgaram que no dia 20 de junho farão um “esquenta” da greve geral com manifestações em todo país. Apesar de se passarem dois meses entre a greve geral de 28 de abril e essa de 30 de junho, a pressão que vinha dos locais de trabalho foi maior e as cúpulas das centrais foram empurradas a chamar essa nova data que será fundamental na luta contra governo e as reformas da Previdência e trabalhista. A enorme força da resistência à repressão policial no ato de 24 de maio em Brasília, onde milhares de ativistas enfrentaram a polícia, também ajudou a pressionar as centrais. É hora de aproveitar a fragilidade do governo de Michel Temer (PMDB/PSDB), o ódio popular contra esse governo patronal e corrupto para garantir uma forte greve geral para barrar os ataques e derrubar Temer e todo o corrupto congresso nacional. A greve geral de 30 de junho é hoje o melhor meio de defender direitos e responder a intransigência de Temer. Por isso a classe trabalhadora, os sindicatos, oposições, partidos anticapitalistas, movimentos sociais classistas devem se apropriar desse calendário e construir desde já como toda a força a greve geral por todos os meios e formas. Temos que nos preparar desde já. Todos os sindicatos do país devem chamar assembleias para votar adesão à greve e para organizar a mobilização de cada categoria. E será preciso agir para garantir essa luta. Temos que exigir que as Centrais convoquem assembleias e construam comitês de base para preparar a greve, que convoquem reuniões nos bairros, igrejas, escolas e universidades para apoiar a greve geral. Que as centrais chamem plenárias estaduais para coordenar as principais manifestações unitárias. Que o dia 30/06 seja bem divulgado, com panfletagens, jornais unificados, anúncios em rádios, TV, outdoor. E que a greve seja bem organizada com piquetes para paralisações efetivas e fortes passeatas para barrar as reformas e colocar para fora Michel Temer e o congresso corrupto. E tudo que as direções das Centrais não fizeram os sindicatos combativos e as oposições devem fazer.

Nenhuma confiança nas direções das maiores Centrais sindicais!
Infelizmente as cúpulas das centrais sindicais deixaram passar um tempo precioso entre o 28 de abril e o dia 30 de junho. Nada menos que dois meses quando tudo indica que poderíamos ter derrubado Temer e suas reformas! Não apostaram no potencial de mobilização da classe trabalhadora como a única forma de derrotar as reformas e colocar para Fora Temer. Sabemos que as direções governistas, como o deputado Paulinho da Forca Sindical, vão barganhar mais cargos no governo ou fazer “corpo mole” em troca do retorno da contribuição assistencial, o PCdoB está nos bastidores negociando o nome de Aldo Rebelo para vice-presidente em uma possível eleição indireta e as direções ligadas ao ex-presidente Lula, como Wagner Freitas do PT e da CUT, querem um dia controlado, para seguir desgastando Temer, buscando canalizar a indignação para as urnas de 2018. Como se os problemas dos trabalhadores pudessem esperar as eleições, cujo resultado é comprado pelas empreiteiras. Evidentemente trata-se de uma data distante, sem convocar absolutamente nada em meio ao julgamento do TSE e em meio as votações da reforma trabalhista nas comissões do senado, mostrando o caráter traidor da burocracia. Por isso os trabalhadores não devem confiar nessas direções. Devem confiar em sua união e mobilização, organizando a Greve Geral nas bases.

Propomos uma plenária do sindicalismo classista e combativo!
Precisamos tomar esse calendário em nossas mãos e construí-lo desde já nos locais de trabalho, moradia e estudo. Se os sindicatos como o SEPE, Metroviários de SP, Petroleiros do RJ, Federações como ANDES, FASUBRA e FENASPS, a CSP-CONLUTAS, e outros se reúnem e tomam esta tarefa nas suas mãos, estaremos trilhando o caminho de construir a unidade e a organização desde as bases da greve pelo Fora Temer e as Reformas e seria um primeiro passo para a conformação de um polo de lutas classista e consequente.

As “Diretas já” não respondem a necessidade dos trabalhadores
Assim como a burguesia discute uma saída da crise, há entre a esquerda diversas posições sobre o que fazer. Muitos honestamente levantam a bandeira das Diretas, esses setores avaliam ser essa a política mais correta, diante da possibilidade do acordão do Temer e de um novo presidente eleito de forma indireta. Em primeiro lugar, somos radicalmente contra que esse Congresso corrupto bancado pela Odebrecht e pela JBS eleja o próximo presidente, esses congressistas não têm moral e nem legitimidade para isso. No entanto avaliamos que levantar a consigna das Diretas, a mesma política do PT e PCdoB, é um erro. Pois é uma saída que pode ser uma válvula de escape para própria burguesia, que pode utilizá-la para tentar descomprimir o movimento de massas. Não por acaso a Folha de SP retoma essa ideia, bem como a CCJ do Senado e partidos burgueses como REDE, PDT e PSB. Por isso é um erro o movimento da Frente Ampla Nacional pelas Diretas que afirma em sua carta: “somente a eleição direta é capaz de restabelecer a legitimidade do sistema político”. Não queremos salvar esse podre regime que faliu! Pois essa é o República comandada pelo sistema financeiro, pelas grandes empreiteiras, onde a corrupção e a aplicação dos ajustes neoliberais tem sido a marca de todos esses governos, desde Sarney, Collor, Itamar, passando por FHC, até Lula e Dilma. Sem dúvida o povo deve decidir. Se é pra ser assim, que decida sobre todas as questões: defendemos uma Assembleia Nacional Constituinte livre e soberana para enterrar essa república das empreiteiras e dos bancos e reorganizar o país totalmente, confiscando os bens dos políticos e empresários corruptos, estatizando as empresas envolvidas na corrupção, revogando as medidas que retiram direitos dos trabalhadores, garantindo a reposição da inflação de forma semestral nos acordos salariais e garantindo um plano de trabalho para acabar com o desemprego e pondo fim a repressão aos manifestantes e a criminalização dos ativistas. Por fim, há ainda um outro problema com a pauta das diretas já, pois ela não ajuda a unificar a luta. A pauta que unifica o conjunto da classe trabalhadora, setores populares e a juventude massivamente é o Fora Temer e a luta contra as reformas. O eixo para derrotar Temer e as reformas é manter essa unidade nas ruas, por meio da greve de 30 de junho. Nenhuma eleição vai barrar as reformas neoliberais, já que algum candidato da ordem vai vencer depois de enganar o povo, para em seguida voltar aplicar as reformas, seja PMDB, PSDB ou, REDE, PDT ou PT/PCdoB.

Lutamos por um Governo de Esquerda, dos trabalhadores e do povo!
Enquanto estamos nas ruas, em meio a greve geral, nossa aposta deve ser mais profunda. Não podemos deixar o congresso ou a justiça definir o rumo do pais. O povo nas ruas deve ter o direito de revogar os mandatos de forma direta, por meio da mobilização. Isso é mil vezes mais democrático que as negociatas dessa falsa democracia. Por isso cabe buscar uma saída pela esquerda, que contemple os trabalhadores, a juventude e demais setores explorados e oprimidos, de forma independente, por fora dos mecanismos da democracia burguesa, fortalecendo a auto-organização das massas. Temos que construir um Governo da Esquerda, dos Trabalhadores e do Povo para romper com o imperialismo, parar de pagar a dívida e destinar recursos para as áreas sociais, enfrentar os patrões e o sistema financeiro, congelar as tarifas, estatizar as empresas envolvidas na Lava-Jato e colocar os corruptos e corruptores na cadeia Hoje, diante de uma possível queda de Temer, teria muito mais legitimidade lutar por um Governo do PSOL, da CSP-CONLUTAS, do MTST, de Federações como a ANDES, FASUBRA e FENASPS, Sindicatos como Metroviários de SP, Metalúrgicos de SJC e Campinas e demais organizações classistas para aplicar um plano econômico operário e popular. Para isso, precisamos realizar uma reunião unificada das organizações de esquerda: PSOL, PSTU, PCB, MAIS, MTST, a CSP-CONLUTAS, INTERSINDICAL, Esquerda da UNE e ANEL e outras organizações para discutir medidas unitários de como atuar na crise e as saídas.

Construir a Unidade da Esquerda para derrotar Temer e suas reformas!
Sem dúvida as organizações da esquerda cumpriram um importante papel na Marcha do dia 24 de maio em Brasília. Em especial a CSP-CONLUTAS, canalizando a insatisfação dos trabalhadores, que estão cansados de serem reprimidos nas manifestações. Dessa vez a resposta foi uma forte resistência de milhares de trabalhadores e trabalhadoras, que não se furtaram em enfrentar o gás de pimenta e as balas de borracha da polícia militar. A base social do enfrentamento foi a classe trabalhadora, resistindo como pode a Policia Militar e a força nacional por mais horas, juntamente com a juventude. Por isso é importante ter uma proposta ampla visando um polo unitário do sindicalismo classista e combativo, através de uma plenária nacional e plenárias estaduais. Algo que pode ajudar a construir a proposta do ANDES de “um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora”, que consta na carta de Cuiabá. Particularmente importante é fortalecer o debate sobre um plano econômico alternativo, operário e popular, para combater a crise. Defendendo as bandeiras que podem resolver os problemas que levaram milhões a ir pra rua em junho de 2013 e parar o país na greve geral de 28 de abril de 2017: Defender o não pagamento da dívida interna e externa para investir em salário, saúde, educação e um plano de geração de empregos! Estatizar o sistema financeiro, baixar os juros, taxar as grandes fortunas e acabar com as isenções para investir em moradia popular e transporte público! Por reposição das perdas salariais semestralmente, redução da jornada de trabalho para 40h, congelamento dos preços da cesta básica e tarifas públicas. Por trabalho igual, salário igual. Dentre outras medidas, que deveriam ser construídas coletivamente.

Combate Classista e pela Base – 08/06/2017

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