Três meses de protestos populares! O grito em toda a Nicarágua: “Fora Ortega!”

Por Mariana Morena, no El Socialista, Argentina. 17/07/2018

A juventude e o povo nicaraguense seguem nas ruas exigindo a saída de Ortega. Na semana passada aconteceram manifestações massivas de protestos e a segunda greve geral. Ao mesmo tempo, se intensificou a repressão das gangues do governo, o que elevou o número de mortos para mais de 350. As “negociações” promovidas pela igreja não impediram o avanço da mobilização popular revolucionária para derrubar a ditadura.

Milhares de nicaraguenses tomaram novamente as ruas de Manágua, Jinotega, Esteli, León, Granada e Masaya, entre outras cidades, para exigir o fim da repressão em todo o país e a renúncia de Ortega. Foram três grandes manifestações de protestos do processo de rebelião popular iniciado em 18 de abril, diante da tentativa do governo de impor a reforma da previdência acordada com o FMI, que finalmente foi retirada. Mas, com esse triunfo, o povo nicaraguense sentiu-se fortalecido para seguir com a mobilização exigindo o FORA ORTEGA!

Na quinta-feira, 12 de Julho, houve grandes manifestações e passeatas nas principais cidades convocadas com a palavra de ordem, “Juntos Somos Um Vulcão”. Durante a jornada se viam escritas em algumas faixas as consignas: “FORA ORTEGA DO PODER”, “QUE PEDE O POVOQUE SE VÁ O CARNICEIRO!”, “O POVO DA NICARÁGUA ESTÁ CANSADO DESSA DITADURA”. Na sexta-feira, 13, foi realizada a segunda greve geral de 24 horas, convocada pela Aliança Cívica Por Justiça e Democracia, oposição formada por empresários, acadêmicos, estudantes, camponeses e organizações civis, com o apoio das associações empresariais que romperam com o regime ao ver o peso das mobilizações.  Somaram-se aos 90% do comercio, supermercados, shopping centers, grandes distribuidores de alimentos, bancos e postos de gasolina, enquanto as avenidas ficaram vazias, embora o governo tivesse garantido o transporte público. No sábado foi organizada uma carreata que percorreram os bairros de Manágua, sitiados pelas milícias encapuzadas de Ortega.

A onda terrorista dos orteguistas não para.

Nas últimas semanas, Ortega lançou uma “operação de limpeza” para remover as cerca de 200 barricadas e bloqueios de estradas que foram erguidos em todo o país em protesto e de defesa contra as ações violentas das gangues do governo. Junto com essa ofensiva, no domingo, 08 de julho, ocorreu o massacre de 21 pessoas nos municípios de Diriamba e Jinotepe em Carazo, a uns 40 quilômetros de Manágua, seguido por uma onda de sequestros de jovens, líderes sindicais e camponeses. No dia seguinte, até mesmo um grupo de mediadores, formado por bispos católicos, juntos com jornalistas e paramédicos, foram atacados pelos milicianos governistas.

De acordo com o último relatório da Associação Nicaraguense de Direitos Humanos (ANPDH), entre 19 de abril e 10 de julho, mais de 350 mortes foram registradas (em sua maioria, jovens entre 15 e 30 anos) e 2.100 feridos. Há também cerca de 260 desaparecidos: as chamadas “forças combinadas” do governo que executam um plano de “caça”, casa-a-casa, em busca de opositores.

A repressão continuou no final de semana. Na sexta-feira, 13, paramilitares invadiram o campus da Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua (UNAN), ocupada por uma centena de estudantes há mais de dois meses, e cercaram durante horas a igreja vizinha ao campus, para onde os jovens fugiram. Ali ficaram mais dois mortos e dezenas de feridos. No domingo, pelo menos 10 pessoas morreram em três cidades costeiras do Pacífico. A onda terrorista levou a que a poeta e escritora nicaraguense, Gioconda Belli, ex-guerrilheira sandinistas que vem denunciando internacionalmente ao governo de Ortega, advertir em uma entrevista para agência de notícias alemã que “Na Nicarágua pode produzir um genocídio sem precedentes na América Latina”.

O ditador não quer negociar. O povo também não.

Os ataques aumentaram dias depois que o presidente afirmou que não vai deixar o poder e nem antecipar as eleições, e chamou de “golpistas” todos que estão contra ele. Mas, o “FORA ORTEGA!”, ainda é o grito mais ouvido nas ruas da Nicarágua, apesar da sangrenta repressão do governo. Mesmo em lugares, como Massaya, que foram bastiões da luta contra a ditadura somozista nos anos 80 e hoje são um símbolo da resistência contra o ex-guerrilheiro sandinista, moradores se entrincheiraram para impedir que uma caravana, liderada por Ortega e sua mulher Rosário Murillo, entrasse na cidade.

Desde a Unidade Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional, repudiamos a repressão de Ortega e denunciamos a “mesa de diálogo” que oculta os planos do imperialismo, da igreja e dos empresários, por uma saída negociada para antecipar as eleições gerais, impunidade para Ortega r que siga uma economia a serviço dos de cima. Amplos setores da juventude e do povo desconfia desse “dialogo” e por isso tem que seguir as mobilizações. Inclusive setores como os de Masaya desconheceram, semanas atrás, o chamado a levantar os “tranques” (os cortes de rua e barricadas). Chamamos a mais ampla solidariedade com o povo nicaraguense por: Abaixo Ortega! Liberdade aos presos políticos! ¡Justiça para as vítimas e plenas liberdades democráticas! Pela formação de comités de autodefesa popular! Por uma coordenadora de juventude e dos campesinos quer organize a mobilização popular revolucionaria para terminar com o governo patronal e repressivo de Ortega e avançar por um governo dos trabalhadores, dos campesinos e da juventude.

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