BOLÍVIA | Anular os pagamentos da dívida externa!

Por Jérôme Holman Zubieta, Vanguarda Estudantil UMSS Traduzido por: Lucas Schlabendorff


Basta de endividamento e piora das condições de vida do povo trabalhador!

Impostos sobre as grandes patronais para tirar o país da miséria!

O governo anunciou recentemente que solicitou vários empréstimos de organismos internacionais como o Banco Mundial e o FMI para enfrentar a crise sanitária. Esses empréstimos alcançam a soma de 377 milhões de dólares. No entanto, com todas as dívidas contraídas até hoje pelo governo do MAS e o atual, isso só irá piorar a situação de dependência econômica do país, e se refletirá diretamente nos bolsos dos cidadãos com o aumento dos juros dos empréstimos bancários, de impostos e aumento dos preços dos produtos de consumo, em parte devido às taxas de juros sobre as mercadorias como é o IVA (Imposto sobre o valor agregado).

Durante o governo do MAS, segundo cifras do BCB (Banco Central da Bolívia) entre 2006 e 2019, se contraiu a soma de 18 bilhões de dólares, inclusive se contraiu dívida em momentos em que se registrou superávit fiscal. Todo esse dinheiro foi parar majoritariamente em obras inúteis ou foram para faturas por corrupção.

Inclusive outras obras que são de inegável utilidade pública. Por exemplo, o teleférico de La Paz, onde foi contratada, sem licitação, a empresa multinacional Doppelmayr, por um preço de 23,5 milhões de dólares por km de construção, totalizando 740 milhões de dólares. Mas outras construtoras internacionais construíram teleféricos por 13 milhões por km.  Ou seja, o Estado boliviano pagou e se endividou por mais de 300 milhões de dólares adicionais ao que teria gasto se pagasse a obra a outra multinacional do ramo. É provável que uma parte menor desses 300 milhões de dólares adicionais tenham ido parar nos bolsos da corrupção do governo do MAS. Algo parecido aconteceu com as múltiplas obras da empresa chinesa CAMC (entre elas Misicuni), que nomeou Gabriela Zapata, ex namorada de Evo, como gerente com altíssimo salário.

Não há dúvidas de que essas obras necessárias poderiam ter sido construídas através de empresas públicas controladas por seus trabalhadores e por um preço muito menor, sem endividar o país.

E agora desde que chegou ao poder o suposto governo de transição, tornaram-se evidentes os casos de corrupção e nepotismo que parecem ser herança de um Estado que foi moldado para facilitar a prevaricação e a violação da justiça.

O governo de Añez e de Murillo parece estar indiferente à grave crise sanitária e a fome que atravessa o país durante estes tempos de pandemia. Assim temos visto como a presidente e seus acólitos estão esvaziando os cofres do Estado para seus interesses e benefícios próprios, enquanto que milhares de bolivianos e bolivianas estão passando fome e sofrendo as consequências do desastre econômico.

A única coisa que fez o governo sobre essa situação foi aumentar a dívida que temos com entidades financeiras estrangeiras, e que ao final o povo nem sequer viu uma quantia de todo esse dinheiro.

É preocupante saber que agora com esse governo na Bolívia não somente o país subirá no ranking de países mais corruptos, mas também no ranking dos países mais pobres e endividados do mundo.

Tanto durante o governo do MAS como no governo de Añez a dívida não parou de aumentar nos últimos 14 anos, e mais ainda com os empréstimos que atualmente o governo segue contraindo. Hoje em dia com as dívidas bilaterais, multilaterais e privadas, a Bolívia registra um saldo de dívida de mais de 11 bilhões de dólares, da qual o Banco Interamericano de Desenvolvimento, e o Banco Mundial, concentram 92% do saldo da dívida multilateral; enquanto que a China representa 70% da dívida bilateral.

Em 2006 o pagamento de juros e de capital era de 326 milhões de dólares, enquanto que para esse conceito nos últimos 3 anos pagamos a soma de 2 bilhões de dólares.

Essa dívida multimilionária se expressa na impossibilidade do Estado conseguir financiar um sistema de saúde que possa fazer frente a crise do coronavírus. Por isso existe a necessidade urgente para o povo boliviano de que essas dívidas com os bancos privados sejam anuladas. Nesse sentido, o Clube de Paris, fortemente ligado ao FMI, argumenta que “uma resposta internacional extraordinária e bem coordenada é fundamental para permitir aos países mais pobres dedicas todos os recursos disponíveis para aumentar o gasto social, sanitário ou econômico em resposta a essa crise”. No entanto, as condições de anulação da dívida por parte das entidades financeiras não resolveriam o problema do reembolso da dívida criminosa, como já demonstrou a experiência histórica. Pois muitas vezes os governos recorrem a maior financiamento externo para pagar a dívida, o que resulta em maior endividamento.

A Bolívia hoje mais do que nunca, necessita se tornar independente da ingerência estrangeira, motivo pelo qual paliativos como a suspensão do pagamento da dívida e empréstimos em condições favoráveis não são suficientes e na realidade só pioram a condição de dependência do nosso país.

Hoje necessitamos mais do que somente toda a transparência dos documentos de endividamento para a fiscalização de políticas que anulem o endividamento, pois enquanto as grandes transnacionais, banqueiros, oligarcas e os grandes latifundiários seguem saqueando nossos recursos e explorando o povo trabalhador, vemos que o governo é cúmplice, fomentando a exploração e a opressão na Bolívia.

O que se deve fazer é impor impostos e tarifas a todos esses privilegiados para financiar os setores mais necessitados, como são o sistema de saúde e a educação, e assim também para tirar o país da crise financeira e econômica que está imerso.

Isso não é apenas um problema boliviano, é necessário fazer um chamado a todos os povos latino-americanos para exigir uma frente de países devedores, para deixar de pagar a dívida externa, que em todas as partes é um desastre social nesse momento de crise mundial do coronavírus.

– Que se anule a dívida externa da Bolívia!

– Que a crise seja paga pelos capitalistas, não pelos trabalhadores!

– Impostos sobre as grandes patronais para tirar o país da crise!

– Viva a unidade dos povos trabalhadores do mundo por um futuro socialista!

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