ENEM 2021: com a cara da exclusão!

 

Juventude Vamos à luta

O ENEM 2021 foi marcado por denúncias de censura e patrulhamento ideológico. Bolsonaro e Milton Ribeiro tentam dar ao Exame a cara de seu governo: excludente e negacionista. Semanas antes do início das provas, 37 servidores do INEP pediram exoneração denunciando a interferência do governo federal e tentativa de censura do conteúdo das provas.

Danilo Dupas, Presidente do INEP, teria exigido que não se abordassem “temas sensíveis” ao governo. Bolsonaro declarou em entrevista que o ENEM teria a cara do governo e que não haveria “questões absurdas” na prova; quis ainda que o Golpe Civil-Militar de 64 fosse chamado de “revolução”. Segundo o jornal Estadão, 24 questões foram retiradas da prova, sem nenhum critério técnico. Porém, os servidores denunciaram fortemente essas medidas e o retorno de algumas questões censuradas foi considerado uma importante vitória sobre o bolsonarismo.

É importante comemorar essa vitória dos servidores sobre o autoritarismo, mas também é necessário exigir a continuidade das investigações para apurar se houve acesso indevido ao conteúdo da prova e se alguém foi beneficiado com isso.

O ENEM em números

O número de inscrições confirmadas no ENEM foi de 3,1 milhões, o menor desde 2005. Segundo a UNE, as inscrições isentas da taxa de R$ 85 – que possibilitam que os mais pobres possam prestar o exame – caíram 77% em relação a 2020.

O valor da inscrição, somado à dificuldade de estudar em meio à pandemia, levou muito jovens a não se inscreverem. Em pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Juventude, 74% do jovens de 15 a 29 anos não se sentiam preparados para o ENEM, 45% não pretendiam fazer a prova e apenas 25% conseguiram estudar satisfatoriamente na pandemia.

As dificuldades não pararam com a confirmação da inscrição: foram inúmeros relatos de problemas no acesso ao sistema e de locais de provas extremamente distantes. A taxa de abstenção no primeiro dia de provas foi de 25%.

Barrar o desmonte em curso

Os ataques ao ENEM e aos servidores do INEP foram mais um capítulo da cruzada de Bolsonaro e Milton Ribeiro contra as universidades e a juventude. O projeto de “Universidade para poucos” segue em curso, com sistemáticos cortes de verbas que põem em risco o funcionamento das IFES, com a PEC 32 que ataca técnicos e docentes e abre a porteira da privatização, com a intenção expressa do governo de alterar a Lei de Cotas em 2022, dentre outros ataques.

Para barrar esse projeto é preciso mobilização. Há que se construir um novo Tsunami da Educação em um calendário de lutas unificado com trabalhadores e movimentos sociais para pôr pra fora Bolsonaro e Milton Ribeiro. A UBES, UNE e ANPG deveriam convocar essas mobilizações e construí-las com assembleias de base em todas as universidades e escolas. Para isso é preciso que mudem sua orientação atual de convocar somente com atos simbólicos ou virtuais. Em relação à crise do ENEM, por exemplo, a UBES convocou twittaços. Além disso, infelizmente, foram parte do desmonte do ato de 15 de novembro. Os ataques continuam e somente a mobilização poderá detê-los.

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