Nicarágua: Hugo Torres, herói sandinista, morre na prisão

por Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI)

Indignante. Repudiável. As palavras não podem conter todo o ódio à responsabilidade criminosa do infame ditador Daniel Ortega com relação à morte de Hugo Torres, ex-comandante da Revolução de 1979.

O herói sandinista faleceu no dia 12 de fevereiro, aos 73 anos de idade, depois de mais de dois meses em que a ditadura manteve seu paradeiro e condição de saúde ocultos. Desde meados de dezembro, o paradeiro de Hugo Torres, na prisão El Chipote, onde ele estava gravemente doente, era desconhecido.

Torres estava detido desde junho de 2021, junto a centenas de presos políticos que se reivindicaram opositores à ditadura de Daniel Ortega-Rosa Murillo.

Hugo Torres era considerado na Nicarágua como um dos heróis da Revolução popular que derrubou, em 19 de julho de 1979, a ditadura de Anastasio Somoza. Agora estava preso sob a falsa acusação de “traidor da pátria”, por opor-se politicamente ao regime de Ortega.

Hugo Torres, em 1974, arriscou sua vida comandando uma operação para libertar um grupo de presos políticos da ditadura somozista, entre eles Daniel Ortega. Durante a Revolução, foi conhecido como o “comandante um” (comandante uno). Participou, também, da famosa tomada do Palácio Nacional, em 1978, junto a Edén Pastora (“comandante zero”) e Dora Téllez.

Nos anos oitenta, foi condecorado e nomeado general de brigada no Exército da Nicarágua, do qual se retirou em 1998. Depois de abandonar a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), foi vice-presidente do Movimento Renovador Sandinista (MRS) e, atualmente, era vice-presidente da União Democrática Renovadora (UNAMOS), uma organização política que contém vários dos ex-dirigentes sandinistas e forças sociais de oposição.

Responsabilizamos a ditadura de Ortega-Murillo pela morte do ex-comandante sandinista Hugo Torres. Esse novo crime não pode ficar impune. Os povos do mundo devem repudiar o fato e reivindicar justiça e liberdade para todos os presos políticos da Nicarágua.

As pessoas sob prisão política e diversas organizações de direitos humanos, feministas e de esquerda vêm denunciando que são sistemáticas as prisões com isolamento e falta de cuidados médicos durante longos meses, o que constitui uma forma de tortura. Foi nessas condições que se deu a morte de Hugo Torres.

Sob a mesma acusação utilizada contra Hugo Torres, de “traidor da pátria” e “sedição”, acabam de condenar a 15 anos de prisão Dora Téllez, outra ex-comandante da Revolução, e a 10 anos o jovem lutador Yader Parajón, dentre outros. Sob as mesmas condições será julgado, juntamente com outros, Víctor Hugo Tinoco, também ex-comandante da Revolução.

Nós, da UIT-QI, exigimos a imediata libertação de todas as pessoas presas por razões políticas. Opor-se à violação das liberdades democráticas por parte da ditadura burguesa de Ortega e Murillo não é um crime, mas um dever de todo povo trabalhador nicaraguense. Chamamos toda a militância de esquerda, socialista e democrática da América Latina e do mundo a repudiar as farsas judiciais diante das embaixadas e consulados da ditadura orteguista. Exijamos a ruptura de relações diplomáticas com a ditadura e organizemos a solidariedade internacional com o povo explorado da Nicarágua.

Liberdade já para Dora María Téllez, Victor Hugo Tinoco, Ana Margarita Vijil, Yader Parajón, Léster Alemán, Muhamar Vado e todas as pessoas presas e torturadas por divergir da ditadura!

 14 de fevereiro de 2022

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