Construir uma Frente de Esquerda Socialista

 Claudia Gonzalez e Diego Vitello, Coordenação da CST

 

A situação da classe trabalhadora está se agravando e está cada vez mais difícil chegar ao final do mês com salários arrochados e desemprego crescente, chegando a 12 milhões. A inflação bate os 10% e os alimentos e a gasolina aumentam semanalmente. Cresce a população em situação de rua. Um quadro de fome e miséria que não tem perspectiva de rápida mudança. O governo genocida de Bolsonaro, o corrupto Congresso Nacional e os governadores e prefeitos capitalistas são os responsáveis por essa crise.

É necessário enfrentar nas ruas o governo Bolsonaro e as medidas de ajuste que ele está impondo. Infelizmente, as direções dos trabalhadores e dos movimentos sociais (CUT, CTB e partidos como o PT e PC do B) desmontaram as mobilizações unificadas nacionais que se desenvolveram durante todo o ano de 2021 e adiantaram o debate do calendário eleitoral com o falso argumento de que somente poderemos derrotar Bolsonaro e a ultradireita votando em Lula em outubro, desviando para as eleições o potencial e unidade que tinha se construído nas ruas.

Dessa forma, Lula entrou em campo construindo alianças com partidos burgueses e setores empresariais como Luiza Trajano (dona do Magazine Luiza), está fechando a chapa Lula/Alckmin e continua conversando com PSD e MDB no intuito de formar uma frente ampla de conciliação de classes.

Frente a esse panorama, é muito importante apostar na unificação de todos os setores e partidos que estiveram juntos nas ruas enfrentando Bolsonaro para apresentar uma proposta política que faça um contraponto ao projeto de conciliação de classes de Lula, do PT e do PC do B.

 

Unificar a batalha contra a conciliação de classes em uma única candidatura

Até agora se apresentaram quatro pré-candidaturas à esquerda do lulismo para as eleições presidenciais de 2022: o companheiro Glauber Braga dentro do PSOL, a professora Sofia Manzano pelo PCB e o líder de movimentos sociais Leonardo Péricles pela UP. Estes partidos e setores se agruparam no Povo na Rua. Por outro lado, o PSTU apresenta a companheira Vera Lúcia ao Polo Socialista e Revolucionário, que atualmente agrupa sindicalistas classistas, intelectuais, como o professor Plínio de Arruda Sampaio Jr., e correntes políticas, como o MRT e a CST.

Nós, da CST, batalhamos pela construção de uma frente de esquerda socialista, e, consequentemente, estamos propondo aos espaços do Povo Na Rua e do Polo Socialista e Revolucionário, assim como aos partidos PSOL, UP, PCB e PSTU, a necessidade de que a esquerda não se dilua em várias candidaturas, visto que isto debilita a batalha contra a frente ampla e a paciente explicação aos honestos/as trabalhadores/as que acreditam que, votando em Lula, resolver-se-ão os graves problemas que vive a classe no país. Apesar das diferenças políticas entre os partidos citados, é possível construir um programa comum, a partir de consignas com as quais já marchamos unificados nas ruas. Um programa pela revogação das reformas; pelo não pagamento da dívida pública e pela taxação das grandes fortunas para investir em salário, moradia, saúde, educação; contra as privatizações dos serviços públicos e pela reestatização dos já privatizados; contra o racismo, machismo e lgbtfobia e pelo apoio a todas as lutas da classe trabalhadora.

Nesse sentido, não encontramos motivos nem argumentos desses partidos que sustentem a impossibilidade da formação de uma frente socialista. Consideramos que não é o momento de pensar na afirmação de cada partido, mas sim de apostar na construção de uma referência de esquerda, que impeça o retrocesso na consciência de classe e da ação direta da classe trabalhadora na rua para enfrentar os governos.

A frente de esquerda socialista cumpriria um importante papel fazendo um contraponto ao discurso que influenciará grande parte da classe trabalhadora que é o de que o único caminho para derrotar Bolsonaro é votar em Lula. Este discurso semeia falsas ilusões de melhorias para a vida dos/as trabalhadores/as, quando, na verdade, as alianças de Lula e do PT somente favorecerão à burguesia e ao empresariado que sempre priorizará seus lucros.

Na proposta da necessidade de construir a frente de esquerda socialista confluímos com o professor Plínio de Arruda Sampaio Jr., e, por isso, juntos estamos propondo que o Polo Socialista e Revolucionário encampe esta política. Neste sentido, a reunião nacional que realizamos entre o Polo Socialista e o PCB foi um passo importante, e precisa continuar. Da mesma forma, temos que debater frentes de esquerda nos estados. Por isso, nós da CST estamos propondo uma reunião nacional entre a esquerda do PSOL, PCB, Polo Socialista e UP. Continuaremos batalhando nos espaços como Povo na Rua, CSP-Conlutas e nos fóruns dos diferentes movimentos sociais por essa unidade. E seguimos fazendo um chamado aos partidos PSOL, PSTU, UP e PCB a refletirem sobre a necessidade da classe trabalhadora e não somente de seus partidos.

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