Derrotamos Bolsonaro nas urnas! É preciso mobilização unificada do povo trabalhador para barrar quaisquer atos golpistas! Vamos à luta contra a fome, arrocho salarial, desemprego e pela punição dos genocidas!

  1. As eleições terminaram com a derrota de Bolsonaro e a vitória da frente ampla de Lula-Alckmin. Foi uma pequena margem de votos, mas a alegria e o alívio nas ruas foram imensos. É a primeira vez que um presidente em exercício perde uma reeleição. Bolsonaro e a extrema direita fizeram de tudo para ganhar, utilizando a coação patronal nas empresas, compra de votos com o orçamento secreto, operações ilegais da PRF e PM e as mentiras sobre o Auxílio Brasil e salário mínimo. Mas nada disso funcionou. Sua derrota alegra os que se manifestaram pelo “Fora Bolsonaro” desde o #EleNão, no Tsunami da Educação e nas mobilizações e greves contra os cortes de verbas, a reforma da previdência e as privatizações; nos atos antifascistas e antirracistas e nas lutas por vacina e contra fome. Nós, da CST, tendência radical do PSOL, fomos parte desses processos de luta e nossa campanha eleitoral esteve a serviço da derrota de Bolsonaro. Por isso, agora também somos parte dos milhões que comemoram o resultado das urnas. O voto contra a extrema direita foi uma rejeição às políticas antipovo de arrocho salarial, privatizações, negacionismo e contra seu projeto autoritário e ditatorial.

 

  1. É fato que o bolsonarismo conseguiu altas votações, elegendo fortes bancadas e governos estaduais. Para além das ações ilegais e do uso da máquina federal, das igrejas fundamentalistas, do voto reacionário contra as pautas feministas, LGBTQIA+ e contra o “socialismo”, a extrema direita operou demagogicamente com temas como o “Auxílio Brasil”, preço dos combustíveis e “emprego”. Por outro lado, se utilizou da rejeição que um setor operário e popular tem aos governos do PT, cinicamente instrumentalizando a real corrupção que existiu nos governos Lula e Dilma e os planos de ajustes petistas que aprofundaram a crise econômica. Hoje o bolsonarismo é uma força social enraizada e com força política. Agora, após realizar bloqueios de rodovias, uma ala da extrema direita realiza manifestações em praças e em frente aos quartéis pedindo um golpe militar para implantar uma ditadura militar, financiados por setores patronais bolsonaristas. A extrema direita se mobilizou em todo o país para questionar o resultado eleitoral e propor uma ditadura. Pararam quase mil pontos de rodovias em mais de vinte estados. Forjaram dezenas de “Fake News” que inventam “fraudes”. Tudo mentira. Os únicos que fizeram ações contra as eleições foram a PRF e os bolsonaristas. Nesse ponto, discordamos da política apresentada pelas direções da Frente Brasil Popular, Frente Povo sem Medo, da CUT, CTB, Força Sindical e do MST, do PT, PCdoB e direção do PSOL. Eles colocam que “enfrentar nas ruas o bolsonarismo favorece a extrema direita”. Ou então chamam a confiar que as polícias e o STF “farão o trabalho” de tirar os bolsonaristas das ruas. Isso é um erro completo. Como viemos dizendo desde o primeiro turno, para derrotar o bolsonarismo nossa luta precisa ir muito além das eleições. Não podemos deixar que a extrema direita tome conta das ruas. A política de colaboração de classes com os patrões e representantes da direita não derrotará o bolsonarismo. Precisamos de força organizada nas ruas para derrotá-los. A mobilização nas ruas, com as pautas do povo trabalhador, é o caminho para derrotar o bolsonarismo e enterrar essas ações golpistas.

 

  1. Exigimos que a CUT, CTB, UNE, MST e MTST enfrentem essas manifestações golpistas através de manifestações de rua unificadas. Defendemos a organização de reuniões das entidade e partidos que compuseram a campanha Fora Bolsonaro. Contra as ações golpistas e pelas pautas da classe trabalhadora e setores populares. É preciso uma resposta unitária das entidades do movimento operário e popular nas ruas, garantindo equipes de cada sindicato para nossa autodefesa. A CSP-CONLUTAS e seus sindicatos e a Articulação Povo na Rua estão realizando reuniões e propondo mobilizações unificadas. Em SP ocorreu a Plenária Aberta dos Movimentos Sociais com Sindicatos, organizações políticas, DCEs, encaminhando um manifesto e ações de mobilização. Nós, da CST, somos parte dessa batalha para colocar a classe trabalhadora, estudantes e setores populares em movimento nas ruas e, por isso, exigimos que a campanha Fora Bolsonaro volte a reunir e construa essa mobilização.

 

  1. Muitos trabalhadores e jovens têm expectativas, em maior ou menor grau, na frente ampla e no futuro governo Lula/Alckmin. Nós entendemos essa forma de pensar, pois os 4 anos de Bolsonaro realmente foram um pesadelo. Mas discordamos dessa avaliação e não compartilhamos dessa expectativa. É importante refletir bem. A frente ampla é uma frente de colaboração de classescom empresários e partidos patronais. Essas alianças políticas com os patrões jamais beneficiaram o povo trabalhador. Agora, na transição de governo, o protagonista é Geraldo Alckmin, tradicional político dos empresários de SP. Ocorrem pactos com o presidente da Câmara, o deputado bolsonarista Arthur Lira (PP), o chefe do “orçamento secreto”, que ajudou a eleger vários políticos genocidas da extrema direita. O PSD, de Kassab, que compõe o governo Bolsonaro e a frente bolsonarista de Tarcísio em SP, é outra parte dessa “transição”. O “centrão” está barganhando espaço e manutenção de seus esquemas, como, por exemplo, o orçamento secreto. Negociar com eles é uma estratégia completamente errada.

 

  1. Nós, da CST, não acompanhamos a decisão da maioria do PSOL de integrar a frente ampla com partidos e dirigentes patronais. No primeiro turno da eleição, estivemos com Vera Lúcia, operária, negra e nordestina, candidata à presidência pelo Polo Socialista Revolucionário. No segundo turno, fizemos campanha e demos um voto crítico em Lula 13 para derrotar Bolsonaro, sem apoiar nem depositar nenhuma confiança no projeto de conciliação de classes da frente ampla Lula/Alckmin. Com essas alianças patronais, com pactos com Arthur Lira e o “centrão”, com essa política de conciliação de classes, é impossível atender a classe trabalhadora e os setores populares. Foi com essa orientação que os governos petistas anteriores terminaram atacando os trabalhadores e o povo pobre.

 

  1. Votamos contra a fome, o arrocho, o desemprego e o genocídio. Agora precisamos confiar em nossa própria força organizada nos sindicatos, centrais e entidades estudantis, juvenis, feministas e populares para lutar por nossas demandas: salário, emprego, auxílio emergencial, verbas paras as áreas sociais e punição dos genocidas e golpistas. Defendemos, desde já, que em cada sindicato, entidade estudantil, de moradores e movimento social ocorram reuniões para deliberar coletivamente nossa pauta de reivindicações e nos manter mobilizadas e mobilizados. Defendemos as seguintes propostas emergenciais:

 

  1. Garantir o aumento emergencial do salário mínimo e a reposição das perdas salariais. Reduzir a jornada de trabalho sem redução dos salários. Por reposição automática das perdas. Redução dos preços dos alimentos, gasolina, gás, tarifas de água, luz, telefone, internet e aluguéis. Salário igual para trabalho igual para as mulheres. Direito ao aborto legal seguro e gratuito garantido pelo SUS! Fim dos feminicídios. Direitos aos LGBTQIA+. Orçamento para combate aos feminicídios.
  2. Revogação das medidas bolsonaristas que retiram direitos. Revogar a reforma da previdência, trabalhista e teto de gastos; exonerar os reitores interventores dos institutos federais e universidades e os militares das presidências das estatais. Estatizar as empresas privatizadas, sob controle dos trabalhadores.
  3. Mudar o orçamento federal bolsonarista de 2023 e acabar com o orçamento secretojá. Há dinheiro, sim! Cortar verbas do pagamento da dívida aos banqueiros e impor a taxação dos bilionários para investir em salário, saúde, educação, geração de emprego, moradia e pautas dos movimentos feministas, negros, indígenas, anticapacitistas e ambientais.
  4. Julgar e punir Bolsonaro, seus ministros e parlamentares bolsonaristas pelos crimes cometidos na pandemia, no governo e nas eleições. Fim do sigilo de 100 anos nos documentos de Bolsonaro e sua família. Auditoria de todas as contas do governo que estavam sob sigilo. Prisão, perda de mandato e confisco dos bens da deputada Zambelli. Prisão e confisco dos bens de toda cúpula da PRF, PM e Exército envolvida nas operações contra o voto e nos bloqueios de vias com caminhões. Fim das milícias e das chacinas contra o povo negro! Fim dos assassinatos no campo! Fim da PM e da PRF!

 

  1. 7. Ao lado da luta de nossa classe, vamos seguir batalhando pela criação de uma nova alternativa de esquerda independente e consequente. Uma nova direção sindical e política classista. Nesse sentido, a CST vai seguir reivindicando que o PSOL volte a assumir uma posição independente diante dos governos patronais e que, portanto, não apoie e nem integre o governo de Lula-Alckmin, respeitando o projeto fundacional do partido. Nesse sentido, propomos uma reunião de todas as forças do PSOL que votaram pela resolução de não ingresso do partido num futuro governo Lula-Alckmin (deliberação minoritária no último congresso do PSOL). Construir uma verdadeira esquerda é o caminho para impedir o fortalecimento da extrema direita e para garantir a independência política da classe trabalhadora e dos setores populares. A CST seguirá lutando para construirmos uma alternativa política unitária socialista, de esquerda, sem patrões, que defenda medidas de fundo para acabarmos com a fome e a miséria, o que passa por construir um governo da classe trabalhadora e um Brasil Socialista.

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